5.5.03

Os lutadores profissionais brasileiros se queixam do desinteresse e do boicote da mídia, nos eventos realizados no Brasil. Alegam que, no exterior, eles são muito mais respeitados e recebem tratamento de estrelas. Aqui, mesmo que o lutador seja um sucesso nos eventos esportivos do Japão e dos Estados Unidos, eles são tratados com desdém e pouco caso. Os realizadores do Abu Dhabi Brasil dizem que, apesar de distribuir prêmios milionários, e de ser patrocinado pelo Sheik dos Emirados Árabes, a mídia tem mostrado total desinteresse pelo evento. Só para se ter uma idéia, o caderno de esportes do jornal O Globo se recusou a fazer uma matéria sobre o torneio alegando que campeonato de lutas não é esporte, e que esse tipo de evento incita a violência. Waaaal, diria Paulo Francis.


A relação entre a mídia e as artes marciais no Brasil foi alvo do editorial de apresentação da última edição da revista TATAME , a bíblia dos praticantes de lutas no país. Assinado pelo jornalista José Mauricio Costa, o texto fala sobre diferentes visões do que é violência e lamenta a derrota de Rodrigo Monotauro no Pride 25. A seguir, o texto:


A TATAME deste mês chega às bancas de luto. Não bastasse a derrota de Rodrigo Minotauro no Pride, assistimos estarrecidos à explosão de mais uma guerra, a primeira deste novo milênio. Lamentavelmente temos que aceitar o fato de que não será a última. Ao contrário do bom lutador, que procura aprender com os seus erros, os líderes políticos não costumam olhar para trás. Traçam metas, analisam números e executam estratégias que lhes permitam, a qualquer custo, conquistar seus objetivos.


O que muito nos surpreende é o fascínio demostrado pela mídia, sempre pronta a condenar a violência do Vale-Tudo, em relação ao aparato bélico utilizado no confronto. Relatórios diários analisam a extensão dos ataques, simulações reconstituem as trajetórias dos mísseis e especialistas explicam, em detalhes, o funcionamento das armas e equipamentos de última geração. Um verdadeiro espetáculo. Quando sobra espaço, fala-se de gente. Homens, mulheres e crianças que pagam com suas vidas o preço da intolerância do único animal neste planeta que não age por instinto.


Apesar do luto, a mensagem que queremos deixar é de esperança. Que Deus ilumine a cabeça daqueles que agem como tal e permita que o confronto no Oriente Médio não se arraste por muito tempo. Quanto ao Minotauro, a solução é bem mais simples. Conhecendo o potencial do nosso campeão baiano e sabendo que ele não se furtará a olhar para trás para corrigir eventuais falhas, reconquistar o cinturão do Pride será uma questão de tempo.


Fica ainda o registro das centenas de mensagens que recebemos incentivando o baiano que começou a virar ídolo nas páginas da TATAME. Fato que serviu para provar que o público também soube acompanhar o profissionalismo do Vale-Tudo. Minotauro, como qualquer grande esportista, não está imune à derrota e os brasileiros entenderam isso.

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