27.3.04

COMO FAZER INIMIGOS E ALIENAR PESSOAS – Muito divertido o livro do jornalista inglês Toby Young, que a editora Record acabou de lançar. Em 1995, aos 32 anos, o sujeito deixou Londres e foi para Nova York trabalhar numa das minhas revistas favoritas: Vanity Fair. Queria ter o mesmo sucesso que outros jornalistas britânicos que brilham na competitiva indústria jornalistica americana, como Alistar Cooke, Tina Brown e Anna Wintour. Acontece que Toby não teve a mesma sorte. Em dois anos ele foi demitido da Vanity Fair. Após conviver com o circulo de celebridades da mais famosa cidade do mundo, ele viu algo além: uma luta suja pelo poder e pelo status na qual vale tudo para subir na vida e aparecer na mídia.


Logo no início do livro Toby Young conta como entrou de penetra na famosa festa que a revista Vanity Fair promove após a entrega dos Oscars, em Los Angeles. Os astros de cinema. O tapete vermelho. A lista de convidados. O flash dos fotógrafos. E Toby Young consegue entrar, fazendo-se passar por um conhecido que ele sabia que ia ter o nome na lista. Depois de ter entrado no restaurante onde estava sendo realizada a boca livre, e ter conversado com Michael Caine, o jornalista é descoberto e expulso do local. O livro é saboroso, bem escrito e tem aquela dose de veneno sobre as relações humanas.

Trechos do Livro

A 5 de julho de 1995, tive que resolver o que vestir no meu primeiro dia de trabalho. Naquela época, a Vanity Fair localizava-se na Madison Avenue 350, entre as ruas 44 e 45, um edifício de vinte e três andares poucos quarteirões a oeste da Grand Central Station. O “350”, como todos a chamavam, era então o quartel-general da Conde Nast, a companhia que publica a Vanity Fair juntamente com mais uma dúzia de outras revistas de luxo, inclusive Vogue, The New Yorker, GQ, Architetural Digest, House & Garden, Conde Nast Traveler, Allure, Self e Glamour. (Desde então a Conde Nast mudou-se para Times Square, 4.) Pessoas que visitavam o edifício tinham que se dirigir ao balcão da frente e eram então conduzidas aos elevadores principais mais adiante ou tangidas para o "elevador de serviço", uma máquina estranha e frágil à la Buster Keaton reservada aos boys, garotos de entregas e coisas semelhantes. A segurança era rigorosa, depois que um grupo de ativistas pelos direitose dos animais tinha ocupado o escritório da editora da Vogue, Anna Wintour, no 13o andar.


Quando eu trabalhava no The Times em 1986, disseram para que eu me vestisse como se pudesse ser enviado a qualquer momento para entrevistar o Arcesbispo de Canterbury. Contrastando com isso, o código de roupas na Vanity Fair me fora descrito por Dana Brown, o secretário de Graydon, como “bastante informal”, o que imaginei que fosse jeans e camiseta. Isso combinava muito bem comigo por causa do calor opressivo. Após pensar um pouco, resolvi usar uma Levis de boa qualidade e uma camiseta Hanes extragrande que reproduzia uma capa da The Modern Review apresentando Keanu Reeves de peito nu e a frase: “Jovem, tolo e cheio de porra”.



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