21.3.04

DOROTHY PARKER PORTÁTIL é o espetáculo mais badalado do Festival de Teatro de Curitiba. A peça é uma coletânea de histórias da famosa escritora americana, que estão reunidas na sua mais famosa obra, The Portable Dorothy Parker. O texto foi traduzido e adaptado por Ruiz Bellenda, que dirigiu o espetáculo com o grupo Cia Cênica Simplicíssimos. O espetáculo se passa em uma noite quando Dorothy Parker, sem conseguir dormir, resolve rever a sua obra com o mesmo olhar crítico com que analisa o resto da humanidade. De estrelas do cinema a anônimos pés-de-valsa, a escritora se delicia ao abrir as cortinas da sociedade e mostrar a vida trágica e cômica, com valores sem sentido e personagens à beira de um abismo.


O diretor Ruiz Bellenda alimentava o sonho de montar uma peça com os contos de Dorothy Parker havia dez anos. Ela tinha uma inteligência ímpar, sua mente era um grande diamante. Ela tinha um material tão rico que ainda é possível montar umas cinco peças com os seus contos. Os espetáculos de Ruiz Bellenda chamam a atenção por trabalhar com o ator como centro do universo cênico. A parte estética da peça fica de lado para dar espaço a partitura de cada personagem. Durante os dois meses de ensaio, cada palavra e gesto foram exaustivamente pesquisados, atingindo uma grande parceria. No elenco Letícia Guazzelli, Adriana Ferreira,Denny dos Anjos, Gisele Bolzani, Jefferson Vogel e Carlos Reinke.


Uma mulher a frente do seu tempo? Não, a frente do nosso. Foi na década de 1920 que uma moça de apenas 1,50m fez abalar os alicerces de Nova York. Com seus comentários venenosos e total ausência de papas na língua, a escritora norte-americana Dorothy Parker marcou época. Aclamada e odiada por onde passava, ou por onde seus textos eram lidos, a escritora fez carreira escrevendo resenhas de teatro e poesia.


A sua credibilidade foi crescendo à medida que seus livros foram lançados (o único título traduzido para o português se chama Big Loira e Outras Histórias de Nova York). Mais tarde, com uma carreira conceituada, foi convidada a trabalhar em Hollywood escrevendo roteiros de filmes. Chegou a ganhar um Oscar pelo filme Nasce uma Estrela.


A rapidez de suas respostas deixaria qualquer repentista envergonhado. Em uma ocasião, quando lhe disseram que uma de suas inimigas era muito gentil com seus inferiores, Dorothy disparou: E onde é que elas os encontra?. Em uma crítica de um livro escreveu em poucas linhas: Este não é um romance para ser posto casualmente de lado. É para ser atirado longe, com toda força.




TEATRO QUASE SEMPRE – Quando entrevistei Nilson Penna, uma lenda viva do teatro brasileiro, ele me contou uma história muito saborosa. Certa vez ele foi à Nova York negociar os direitos da peça Panorama Visto da Ponte, de Arthur Miller, para ser encenada no Brasil. Durante sua estada na cidade americana Nilson teve oportunidade de conhecer o autor da peça. Ele era um homem acessível e gostava de contatos sociais. Quando encontrou com Arthur Miller Nilson Penna, surpreso com o texto da peça, perguntou: Mr. Miller, sua peça começa com dois homens dando um beijo na boca. Porque o senhor escreveu essa cena? Ele responde: Apenas para ter publicidade e fazer boa bilheteria. Você não viu as filas na porta do teatro? Mas eu não sou homossexual. Agora mesmo estou me deliciando com essa moça. Mostrou uma foto que retirou da carteira. Era Marilyn Monroe.

Madonna vem aí...

 

Postagens mais vistas