21.6.04

BEBEL GILBERTO NÃO É LISA MARIE PRESLEY - Será lançado esta semana no Brasil, o novo CD da cantora Bebel Gilberto, cercado de grande expectativa. Afinal, o anterior "Tanto Tempo" foi um grande sucesso em todo o mundo. Obteve excelentes críticas e vendeu cerca de um milhão de cópias nos EUA, Europa e Japão. No novo CD, dedicado a dona Memélia, sua avó, Bebel canta Baby, de Caetano Veloso, na versão em inglês que havia sido gravada pelos Mutantes. O CD já começou a receber críticas no exterior. A revista Rolling Stone, por exemplo, fez uma crítica bastante elogiosa e encerra a resenha com um comentário definitivo sobre a cantora: Bebel Gilberto não é Lisa Marie Presley.


Sobre o novo CD Bebel Gilberto concedeu entrevista exclusiva ao seu amigo Serginho Maciel para a revista Suite Rio, uma publicação sobre a vida cultural da cidade, que é distribuida gratuitamente em lugares badalados. Serginho Maciel, para quem não sabe, é o famoso namorado do Cazuza. O seu companheiro de toda a vida. No filme Cazuza, é ele quem dá uma mordida no outro rapaz, quando flagra o cantor lhe traindo. Serginho, Bebel e Cazuza se conheceram na mesma época, durante um curso de teatro promovido pelo Asdrúbal Trouxe o Trombone no Parque Laje e ficaram amigos inseparáveis. Segundo Serginho, "Bebel é, antes de tudo, uma força da natureza, de saúde, de temperamento, de talento, uma pessoa e uma artista cheia de superlativos". Ela diz que seus melhores traços são: impulsividade, autenticidade, espontaneidade, ironia, prazer, sedução, muitíssimo bom humor e uns gritinhos de vez em quando já que ninguém é de ferro. A palavra chave para o seu lado anjo seria amor.


Sobre o disco, Bebel Gilberto declarou ao seu amigo Serginho Maciel:


As pessoas na Europa estão tendo uma resposta muito boa ao meu disco, isso me deixa muito feliz e supera um pouco aquele sentimento de insegurança de se lançar um segundo disco depois de um primeiro que deu resultados tão positivos. Estou também começando a ensaiar com minha banda nova o nosso show. Eu quero que tudo saia perfeito, quero ter o controle de tudo, tipo imagem e coisas assim. Eu tinha um certo receio de fazer determinados programas, que eu não considerava muito a minha cara, como alguns desses que eu farei na França, mas então eu entendi que é o que tenho que fazer se eu quiser atingir um público maior. Funciona assim: as pessoas vêem, e se elas gostam, compram e ouvem e aí, lá está Bebel vendendo discos e divulgando sua música na França.


Depois dessa ronda européia volto para Nova York para retomar os ensaios do meu show, fazer 38 anos e começar uma nova fase, que é justamente a parte artística dessa história toda. Até o momento estive envolvida até o pescoço com a produção do disco, mas agora é hora de montar o show, escolher um diretor, talvez, e começar a pensar na luz, uma fase que me dá muita inspiração e entusiasmo. O show estréia na segunda semana de julho, ainda não temos uma data marcada. Vai ser em Londres e depois volto para os Estados Unidos mais aquecida para a turnê americana.


Foi muito legal ter gravado esse disco depois do nascimento dessa nova Bebel que é famosa e vende discos pelo mundo afora. Nesses anos que passaram, fui desenvolvendo um lado mais dedicado a escrever músicas, mais burilado, porque venho lidando mais com músicos e todo esse universo que envolve a produção e execução de um album ou de uma turnê. Não fico mais naquela de esperar a inspiração chegar para compor alguma coisa e este disco novo é o reflexo disto: das paixões, do cansaço, das alegrias, tristezas, solidão, quartos de hotel, tudo... E isso aparece no disco. As pessoas se identificam de uma maneira ou de outra e isto é muito legal. Elas se sentem tocadas de alguma forma pela sua música e por uma razão diferente daquela que você pensou ao escrever. É muito prazerosa essa sensação.




CAZUZA, O FILME - Débora Melissa, uma brasileira que mora na Bélgica, leitora assídua deste blog, me escreve para perguntar o que eu achei do filme Cazuza. Eu não quis falar no blog porque já se escreveu tanto sobre esse filme que achei que não teria mais nada a acrescentar. Eu adorei o filme. Fiquei emocionado e o achei muito bem realizado. O ator que faz o Cazuza é sensacional. Tem momentos em que ele está igualzinho ao personagem com quem eu convivi no teatro. Acho que o filme também faz uma boa reconstituição do clima que se vivia na época.


Ri muito com a cena em que Serginho Maciel dá uma dentada na mão do rapaz com quem Cazuza o estaria traindo. Verdade seja dita, Serginho foi o único companheiro de Cazuza. Lembro como se fosse hoje, quando eles começaram a namorar. Serginho era um adolescente lindo. Parecia um principe de contos de fadas. (A diretora do filme deveria ter escolhido um ator mais bonito para fazer o personagem.) Andavam sempre juntos e faziam uma bela dupla. Serginho era tão bonito que nós o apelidamos de Serginho Kinski, em homenagem a atriz Nastassja Kinski.


Serginho era um rapaz puro, do interior de Minas, que tinha vindo para o Rio tentar a sorte como ator. Numa das cenas da nossa peça, Paraquedas do Coração, ele fazia uma paródia de Romeu e Julieta, em que contracenava com Kátia Bronstein, a hoje cantora Katia B, (eu acho que ela devia se chamar Katia Z). Todo mundo no grupo tinha uma relação paternalista com o Serginho por que ele nos parecia muito desprotegido. Ele tinha dezesseis anos e não tinha onde morar. Ficava um pouco na casa de um, um pouco na casa de outro. Acabou sendo adotado pelas irmãs Lavigne, Paula e Kiki, que ficaram amigas dele e passaram a protegê-lo e a tratá-lo como um irmão. Coisa que elas fazem até hoje!


O namoro com o Cazuza no inicio foi maravilhoso. Mas, com a roda-viva dos shows, do sucesso e das drogas, nem sempre o Cazuza correspondia à paixão de Serginho. Cazuza queria viver, ao pé da letra, o personagem que havia criado para si: um astro do rock. Quando estava de saco cheio Cazuza maltratava o namorado, batia nele e pedia para o moço deixá-lo em paz. Certa vez, depois de uma noitada na casa do cantor Moraes Moreira, no Jardim Botânico, Cazuza se irritou com Serginho, saiu apressado e entrou no carro. Serginho foi atrás e quando abriu a porta do carro Cazuza acelerou e deixou o namorado caído no meio da rua. Depois ele se arrependia, pedia desculpas e os pombinhos voltavam como se nada tivesse acontecido.


Serginho esteve ao lado do Cazuza até o fim. Como num bom casamento, esteve ao lado do companheiro na saúde e na doença. Foi um dos que carregaram o caixão do Cazuza por ocasião do enterro. Durante a avant-premiére do filme, no cine Odeon, ele passou mal ao se ver retratado nas telas. Atualmente ele vive entre o Rio e Nova York, sempre protegido pelas irmãs Lavigne.

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