7.12.04

COISAS DE MULHER - A jornalista ANA MARIA BAIANA publicou interessante artigo no site COMUNIQUE-SE, sobre o arrranca-rabo envolvendo Antonio Calmon e os jornalistas Daniel Castro e Ricardo Valladares. O que motivou o artigo de La Baiana foi o comentário do novelista, classificando o trabalho de seus desafetos como "coisas de mulher". Este blog reproduz aqui o texto da badalada jornalista.


Muito já foi dito sobre a legitimamente folhetinesca missiva de Antonio Calmon, provocada por e dirigida a jornalistas que acenderam seu pavio. De tudo na carta, uma coisa me chamou a atenção de um modo tal que não posso deixar de comentar, por mais que eu queira me manter fora do alcance deste arranca-toco.Foi este trecho aqui: “Por que vocês odeiam tanto as mulheres? Por que você faz um trabalho de mulher?” Eu até estava seguindo o fiapo de raciocínio da trama novelesca na primeira frase. Na segunda Calmon me perdeu. Podem me chamar de ingênua, mas eu achava, sinceramente, que este tipo de expressão e a mentalidade que ela revela estavam mortas e incineradas em sociedades civilizadas. A não ser que Calmon estivesse sendo irônico – uma possibilidade, decerto, mas uma possibilidade um pouco remota diante do tom apoplético do resto do texto.


O uso da expressão “trabalho de mulher” para definir tudo o que é trivial, insignificante e desprezível era muito usado quando comecei a trabalhar profissionalmente, três décadas atrás. Nesse tempo não tão remoto, jornalismo cultural era repleto de status, projeção e salários relativamente bons. Era, portanto, a província de homens. Durante um bom tempo, fui considerada um fantasma _-certamente o pseudônimo de algum jornalista do sexo masculino impedido de trabalhar pelos rigores da censura. Claramente aquilo que eu fazia, do modo como eu o fazia, era trabalho de homem, não de “de mulher”.


Na verdade, o primeiro endosso público do meu trabalho veio através de uma nota superbem intencionada de uma pessoa que, ao longo do tempo, aprendi a apreciar, respeitar e admirar, e por quem tenho grande carinho. Ele disse, sem meias palavras, que eu “escrevia igual um homem”. Conhecendo o contexto, tomei a frase como um elogio. Mas isso foi, como disse, algumas décadas atrás. Jamais imaginaria que, em pleno 2004, alguém fosse tentar ofender outra pessoa dizendo que ela faz “trabalho de mulher “ - teria sido esta a intenção da frase? Ou teria sido um pouco pior - que mulher é intrinsecamente fofoqueira, maledicente, mesquinha como Calmon desenha, na carta, seus algozes/oponentes?


Esta pequena reflexão paralela oferece um breve insight em um aspecto intrigante do atual estado de coisas em boa parte do jornalismo cultural – teria ele voltado aos meados do século 20, quando a cobertura da produção cultural não-erudita resumia-se, com raras exceções, a fofoca? Louella Parsons, Hedda Hopper, Candinha. Poderosas, sim. Populares, sim. Mas dificilmente no topo da pirâmide da consideração, do respeito, do status profissional. Trabalho de mulher, num tempo em que, em muitos países, mulheres não votavam e precisavam da permissão do marido para abrir crediário.


Temos hoje mulheres em todas as esferas da vida pública e profissional, e curiosamente nossa cultura da celebridade reinstaurou a fofoca no centro do que já foi um dos setores mais nobres do jornalismo. E então, num momento de fúria, um leitor ferido diz que seus possíveis detratores fazem “um trabalho de mulher”. É uma curiosa escolha de palavras para um estranho modo de fazer jornalismo. - Ana Maria Baiana




A mensagem de Antonio Calmon para Daniel Castro



Bom dia, Daniel Castro! Dormiu bem? Como se sente depois de ter provocado em mim uma crise de hipertensão? Feliz? Realizado? Parabéns!, a partir de hoje você será finalmente famoso, quer queira, quer não. A má notícia? Você se meteu com um sujeito que não tem medo de nada, que escreve mil vezes melhor e que fará tudo para devolver o café da manhã que você me serviu anteontem.Meu coração poderia ter explodido. Uma veia em meu cérebro poderia ter estourado. Mas, para desgraça sua, isso não aconteceu. Por que você faz esse tipo de coisa? Inveja? Para agradar seu editor? Acha que consegue um aumento? Espera tornar-se Um Deles? Péssimas notícias para você, Daniel. Você jamais será Um Deles. Quarenta anos, uma coluna de tv num jornal esnobe, os artigos realmente importantes sendo escritos pelas duas mulheres, a barriguinha crescendo, essa vidinha de merda... Não vejo muito futuro para você. 



Você e o Ricardo Valladares trocam figurinhas quem nem duas colegiais maldosas no início da puberdade? Ele te contou como torceu minhas palavras e jogou-me contra a jovem atriz? Vocês deram risadinhas malvadas com a dor que ele inflingiu a ela, culpando a mim, e que você agora repicou? Vocês acham que podem manipular a verdade a esse ponto, impunemente? Eu vi esse outro cretino, pomposo e arrogante, com sua roupa cafona e barba pretensiosa, andando pela festa da novela como se fosse dono dela. Foram logo me avisando: esse cara é uma cobra, cuidado com ele! Ele me cumprimentou do alto da sua mediocridade. Patético e deslumbrado, um infeliz que nem você, visivelmente mal resolvido. Ao telefone, mal conseguia disfarçar o prazer que estava sentindo em me apunhalar. Eu só queria promover a Carolina Ferraz. Ele estava mais interessada em desmoralizar a Giselle Itiê. Por que vocês odeiam tanto as mulheres? Por que você faz um trabalho de mulher? 


Um homem casado, com filhos, que inventa fofocas sobre a vida conjugal de um homem descasado, com filhas, não é um homem digno de respeito. O Marcos Paulo te perturba tanto assim, Daniel? Você acha que ele não é um galã, meu bem? Você não tem vergonha de fazer mexericos da Candinha? E seus ideais de juventude, onde foram parar? Temos muitos meses pela frente. Toda vez que mencionar meu nome ou meu trabalho, cada vez que agir tão baixo com outra pessoa como fez comigo anteontem, eu juro que descerei sobre você e te exporei nu, a todos. Você é transparente, Daniel Castro. Senti a depressão e a covardia na tua voz ao telefone. Por mais neutro e digno que tente ser seu estilo, você está lá inteiro, no esplendor da sua insignificância. Vai ser moleza. 


Não importa que você não leia minha mensagens, a conselho de seu analista ou advogado. Os outros lerão. Não importa que você mude seu endereço de e-mail ou ponha um filtro em seu computador. Os outros saberão. Estarei sempre mandando mensagens como essa. Com a mesma frieza com que você e o Ricardo Valladares provocam sofrimento nas outras pessoas. Seja bem-vindo ao Outro Lado. Aprendi com um samurai cego: para poder bater nos outros, é preciso saber apanhar. Eu vou te ensinar a apanhar, Gafanhoto, lição por lição. As hemorrídas do fã purista do pop vão arder. 

Antonio Calmon



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