9.2.05

O SANTO REBELDE - O cinema brasileiro já tem um candidato a campeão de bilheteria em 2005. Trata-se do filme O santo rebelde, que traça um perfil de Dom Hélder Câmara, uma das figuras mais relevantes da história do Brasil no século XX. O filme é uma obra-prima. A diretora Erika Bauer e a produtora Andréa Glória, duas moças de Brasilia, conseguiram reunir imagens raras, que traduzem com perfeição o discurso transgressor do personagem. Numa das sequencias Dom Helder aparece fazendo uma palestra para universitários na Holanda. Discursando em francês ele provoca risos e aplausos ao defender suas idéias que, mesmo hoje em dia, podem ser consideradas polêmicas para os espiritos conservadores.


O filme é um resgate da marcante e intensa participação de Dom Helder na luta por uma igreja mais próxima do povo, e a favor dos excluídos. O documentário traz a público, imagens raras obtidas em instituições nacionais e internacionais - como o Instituto Nacional do Audiovisual da França - e com cineastas que acompanharam a movimentação do Dom Helder na Europa, onde ele falava livremente, ao contrário do que acontecia no Brasil. Os preciosos depoimentos são um capítulo à parte. Foram ouvidos nomes como Leonardo Boff, Dom Marcelo Carvalheira, Dom José Maria Pires(dom Pelé), Dom Mauro Morelli, Lucinha Moreira, Padre Reginaldo, o historiador e um dos biógrafos de Dom Helder, que escreveu o livro que inspirou a cineasta, Nelson Pilleti, a escritora Rose Marie Muraro, entre outros. São testemunhos que completam este painel histórico e cinematográfico que recorda aos mais velhos e apresenta aos mais jovens a importante figura de Dom Helder Camara.


Irrequieto, idealizador, combativo e revolucionário, Dom Helder desempenhou durante a vida papéis importantes nas mudanças sociais do país. Fundou em 1956 a Cruzada São Sebastião, no Rio, destinada a atender os favelados. Em 59, fundou o Banco da Providência, cuja atuação se desenvolve especificamente na faixa da miséria. Foi diversas vezes delegado do Episcopado Brasileiro nas assembléias gerais realizadas fora do Brasil. Junto à Santa Sé, foi membro do Conselho Supremo de Migração, padre conciliar no Concílio Vaticano II e era conhecido no mundo todo pelo seu trabalho junto à pobreza.


Foi nomeado em março de 64 Arcebispo de Olinda e Recife e assumiu no dia 12 de abril de 1964, estabelecendo em Recife claro foco de resistência ao golpe militar, pela sua visão social. Criou o Governo Colegiado; a organização dos setores pastorais; criou o Movimento Encontro de Irmãos, e criou também a Comissão de Justiça e Paz. Em l969, recebeu o título de doutor honoris causa pela Universidade de Saint Louis, Estados Unidos. E daí em diante não parou mais: recebeu títulos de doutor honoris causa em Direito e Teologia em várias universidades da Bélgica, da Suíça, Alemanha. Holanda, Itália, Canadá e Estados Unidos, além dos títulos que recebeu nas universidades brasileiras. A coragem de Dom Helder o transforma em personagem do mundo, um símbolo de resistência à ditadura. Em 1972, seu nome é indicado para o Prêmio Nobel da Paz. O governo militar, no entanto, destrói sua candidatura: divulga na Europa um dossiê acusando o arcebispo de ter sido comunista.


Dom Helder faleceu aos 90 anos, em 27 de agosto de 1999. Durante sua vida, recebeu o título de Cidadão Honorário de 28 cidades brasileiras e duas estrangeiras: a cidade de São Nicolau na Suiça e Rocamadour, na França.




O PENSAMENTO DE DOM HELDER

A lei consiste em amar a Deus e amar o próximo. Ora, quem ama o próximo já cumpriu metade da lei.

As pessoas te pesam? Não as carregue nos ombros. Leva-as no coração.

É difícil dar. É necessário conquistar através da amor o direito de dar.

A fome dos outros candena a civilização dos que não têm fome.

Se eu dou comida aos pobres, eles me chamam de santo. Se eu pergunto porque os pobres não têm comida, eles me chamam de comunista.

É jovem quem tem uma razão para viver.

Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo.

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