8.8.05

NOTICIAS DE SÃO PAULO

Oi amor. E aí, tudo bem? Estou em Sampa, cercado de glamour e estrelas. Obviamente estive com Bebel, e o show foi incrível, imperdível! Semana que vem no Canecão. Vá assistir. Mas o motivo deste e-mail é que, como se não bastasse eu ter presenciado a estréia mais glamurosa do ano passado, Mademoiselle Chanel, este ano
prestigiei a estréia mais importante da temporada: "Adivinhe quem vem para rezar", com o monstro-sagrado Paulo Autran em estado de graça.



Waldir, todas as estrelas que moram aqui em São Paulo estavam lá: Ana Paula Arósio (belíssima e super simpática!), Maria Luisa Mendonça, Beth Coelho, Françoise Forton, Regina Braga, Drauzio Varella, Juca de Oliveira, Juan Alba(lembra?), Mila Moreira (mega estrela da Rhodia, né?), Geórgia Gomide (sumida...), Barbara Paz, Vera Gata, Hector Babenco, Gabriel Villella, Leona Cavalli, que é uma soberba atriz de
teatro aqui de São Paulo, acho que já te falei dela, fez de forma inesquecível "Um Bonde Chamado Desejo" e agora vai estrear na Globo com um papel ótimo em Belíssima, Dan Stulbac, o nosso Tom Hanks, Marcos Caruso... Enfim uma noite estrelada.



Mas o melhor de tudo foi o desempenho do meu amado Paulo Autran, talvez o melhor ator do mundo. Pelo menos é o que a gente pensa quando o vê atuando. Aos 82 anos de
idade, mais corajoso e talentoso que nunca, o homem é um show, uma aula, uma lição de vida! a peça é de um jornalista do Estado de São Paulo chamado Dib Carneiro Neto, e para um estreante o texto é muito bom. Dirigido por Elias Andreatto, o espetáculo mostra o acerto de contas de um jovem com seu passado no dia do enterro do seu pai.



Autran faz três papéis: O do pai, o do amante da mãe do rapaz e o do padre que reza a missa, e divide a cena com o Claudio Fontana que faz o que pode para não se deixar ofuscar totalmente pelo gênio Paulo Autran. Após o espetáculo, coquetel no hall do teatro regado à queijos, uvas, morangos e prosecco, vejo o Autran, crio coragem e digo para ele que o adoro, etc e tal, mas quando eu disse que era um
diretor que mora em Curitiba, ele pegou a minha mão e botou no seu peito, num gesto de carinho para comigo e para minha cidade. Quase chorei na frente dele! Mas deixei para chorar depois...



Foi uma noite linda e espero que você tenha curtido meu email. De fofocas adianto
que Vera Zimmerman estava de namorada nova, uma advogada, após o rompimento com a ex-top model Beth Prado, que Ana Paula Arósio estava feliz e despreocupada, acompanhada apenas de seu assessor de imprensa, o Paulo Marra. E que o Dan Stulbac, apesar de acompanhado de uma mulher, estava dando muita pinta... Beijos amor, se lembrar de outras coisas engraçadas te mando outro email.



Ruiz Bellenda







LAWRENCE DA ARABIA - A editora Record está lançando A MATRIZ, um livro escrito por T E Lawrence. Muito mais do que um grande homem e um estrategista brilhante, Thomas Edward Lawrence se transformou em lenda. Arqueólogo, escritor e militar, o inglês, morto num acidente de motocicleta em 1935, foi uma das mais notáveis personalidades do século XX. Sua obra-prima literária, Os sete pilares da sabedoria - registro autobiográfico da ação árabe na derrocada do Império Turco Otomano -, foi levada às telas de cinema sob a direção de David Lean, ganhando sete Oscar e a consagração do American Film Institute como um dos dez melhores filmes de todos os tempos.


A MATRIZ revela um pouco da vida e dos feitos de Lawrence, antes da Revolta Árabe em 1918 - episódio da Primeira Guerra Mundial que o alçou à fama mundial. Aqui o leitor depara não mais com o chefe das tropas irregulares, o comandante de guerrilheiros conduzindo homens livres rumo à glória. Em seu lugar, encontra um soldado desvalido, um recruta com as suas queixas. Suas ações e feitos no front e nos quartéis, no cenário quase claustrofóbico das colônias britânicas.


Lawrence consegue, no entanto, extrapolar a clássica literatura de caserna para atingir um plano literário e filosófico. O drama humano sobre um espírito que se submete ao pior castigo: subordinar-se à mediocridade da rotina de conviver aquartelado com homens sem vontade exceto a de comer e dormir por conta dos ministérios da guerra distante. A MATRIZ começou a ser escrito em 1922, quando o coronel Lawrence ainda se ressentia do horror vivido de Akaba a Damasco.


Aqui o autor aterrissa num microcosmo de comandados do mais baixo escalão. O fato é que este herói jogou fora todas as suas condecorações para se alistar como recruta anônimo em busca da falsa paz das casernas sem honras. A MATRIZ veio como uma denúncia da vida na tropa e causou mal-estar e escândalo, ao expor a ignomínia dos quartéis do exército britânico.







ALBUM DE FOTOGRAFIAS - O sítio GLOBO.COM está lançando um produto chamado GLOBOLOG que abrange blogs, fotologs e videoblogs. Como o produto está sendo lançado esse ano eles convidaram algumas personalidades do mundo virtual para participarem do lançamento, desenvolvendo páginas no seu GLOBOLOG. Eu me sinto muito lisonjeado por ter sido um dos convidados. Assim, estou desenvolvendo um novo blog, que ainda não está pronto, mas já tenho um album de fotografias que eles chamam de FOTOBLOG. Quem quiser bisbilhotar tem algumas fotos que fiz em Paris e outras que foram feitas em Copacabana. É só clicar AQUI!




DELITOS OBSESSIVOS - Assassinato da socialite. Este é o título de um dos contos do novo livro de Hosmany Ramos Delitos obsesssivos. Narra a história da bela e elegante alpinista social Laura Factor, que freqüenta os mais elegantes salões da sociedade carioca, e se apaixona perdidamente por um jovem cirurgião plástico, casado com a rica socialite que dá titulo ao conto. No melhor estilo femme-fatale dos grandes romances policiais, Laura Factor manda matar a rival e, com grande maestria, se livra dos criminosos que contratou para o serviço. Personagem de uma trama muito bem urdida, Laura Factor pode entrar no rol dos ícones da literatura brasileira. Afinal, o autor já está transformando o conto num roteiro, convencido de que Laura Factor tem tudo para fazer sucesso no cinema.


No momento em que lança Delitos obsessivos, seu sétimo livro, o escritor Hosmany Ramos se sente purificado pela literatura. Preso desde 1981 por assassinato, seqüestro e roubo, o cirurgião plástico diz que quando sair da prisão vai se dedicar exclusivamente à arte de escrever.
Na época em que eu era assistente do dr. Ivo Pitanguy, no início de minha carreira como cirurgião plástico, escrevi 14 trabalhos científicos. Mas foi a cadeia que fez com que eu me descobrisse escritor. Todos os fatos que me levaram à prisão foram uma espécie de ritos de passagem, que eu precisei enfrentar para poder me descobrir como escritor. A prisão tem sido para mim um ritual de superação. Uma guerra fisica e emocional pela sobrevivência diária, numa situação inóspita.


Como escritor, seu prestígio e fama já ultrapassaram as fronteiras do Brasil. Seus livros Marginália e Pavilhão 9 foram lançados na Europa pela prestigiada Gallimard , de Paris, uma das mais importantes editoras do mundo, que já está negociando com o autor para que ele escreva sua autobiografia.
Escrever é ser crítico de si mesmo. É colocar a mão na massa e se lambuzar. Eu escrevo sobre o que vi, vivi e sobrevivi. No meu calvário da prisão, eu me tornei uma espécie de Sherazade, a princesa do livro As mil e uma noites, que era obrigada a contar uma história por dia para sobreviver. Foi escrevendo histórias que eu consegui sobreviver ao horror da prisão.


Na sua literatura Hosmany circula por diferentes gêneros, como romance, conto e ensaio. Marginália reúne 17 contos e foi lançando no Brasil sem grandes repercussões até que, em 1999, passou a integrar o prestigioso catálogo da Gallimard, na coleção de histórias policiais ao lado de autores como André Gide, Jean Paul Sartre, Raymond Chandler e Dashiel Hammet. Seqüestro sangrento é um romance que trata de um seqüestro com final violento, num ambiente em que empresários, artistas, socialites e políticos se envolvem num mundo sórdido e corrupto. Já Pavilhão 9 é um desconcertante relato sobre a vida na prisão, no melhor estilo new journalism, que mistura ficção, realidade, ensaio, e conta a história de um sobrevivente do pavoroso massacre de 1992, em que 111 prisioneiros foram mortos no Carandiru.


Delitos obsessivos reúne 12 saborosas histórias policiais cujos personagens parecem saídos das colunas sociais. Tem Martha Louise, a menina rica com o namorado certinho que se envolve com um traficante e manda matar os pais; tem Susan Sommer que mata o marido com a ajuda do amante francês; tem Igor Guimarães, um promotor de hábitos requintados, cujo hobby é assassinar bandidos como se fosse um gari fazendo a limpeza para a sociedade, como ele mesmo se define. Afinal, antes de enveredar pelo crime, o dr. Hosmany foi frequentador assíduo dos salões da alta sociedade, chegando a namorar a socialite Becki Klabin e a jornalista Marisa Raja Gabaglia, que escreveu um livro sobre ele, Meu amor bandido.
Na minha literatura eu procuro sempre que possível optar pela abolição total da chamada estrutura formal, considerando prioritário a precisão e a brevidade como minhas principais características. Se as coisas da vida não têm estrutura, por que a minha escrita haveria de ter? Por que a literatura deveria ignorar o lado marginal da vida, as desordens, essas maluquices?


Um grande médico? Um criminoso redimido pela arte? Um homem dedicado à literatura? Hosmany Ramos pode ser lembrado por estas três formas mas, na sua avaliação, é a literatura quem sobreviverá. Atualmente cumprindo pena na Penitenciária de Segurança Máxima de Araraquara, a 282 km de São Paulo. Entre seus habitantes Araraquara já teve o escritor Mario de Andrade que, numa carta a Manuel Bandeira escreveu: "Cheguei a Araraquara escritor e de lá saí poeta". Hosmany gosta de citar autores pois divide seu tempo entre escrever e ler, já que a penitenciária tem uma boa biblioteca. Preso há 24 anos, Hosmany agora tenta conseguir uma redução de pena na Justiça
Nós pedimos na Vara de Execução Criminal a remissão de pena por trabalho executado: cada três dias de trabalho reduz um dia de pena. O juiz exigiu um comprovante desse meu trabalho literário, e nós corremos atrás para conseguir a capa de todos os livros para fazer a comprovação. Em São Paulo eles estão dificultando isso. O juiz alegou que tem dificuldade em avaliar quanto tempo demora para fazer um trabalho literário.


A voz de Hosmany Ramos demonstra firmeza e segurança quando fala sobre todos os assuntos. Seu tom de voz só denota emoção quando ele fala da família.
Eu tenho irmãos e primos que moram em Minas. Meu filho Erik vive na Noruega, mas me visita periodicamente. Foi Erik quem me deu o maior presente da minha vida: uma neta, a quem dedico meu livro.
Na dedicatória para a neta, Hosmany Ramos escreveu:
Pequena musa nórdica, estável como o firmamento, real como um sonho de momento, ninho onde dorme a esperança, inatingível como o sol, lua nova no breu da noite, lindo condão de fadas, estrela da mais bela luminescência.


Texto da reportagem publicada em 07 de Agosto no Jornal do Brasil.

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