4.10.05

FINALIDADES SEM FIM - Antonio Cicero ataca novamente. O filósofo e poeta está lançando um novo livro na próxima segunda-feira, dia 17, na livraria Argumento. Finalidades sem fim é um livro de ensaios onde Cícero, um pensador refinado e culto, escreve sobre o fim do ciclo histórico das vanguardas e o grande ponto de interrogação que elas deixaram: o que fazer? O lançamento do livro promete reunir a nata dos intelectuais descolados da cidade, todos fãs e admiradores do autor de A cidade e os livros.


Em meio a todo o debate sobre pós-modernidade, com a sensação geral de que tudo já foi feito, o poeta e filósofo Antonio Cicero repensa os problemas da criação poética e artística a partir do legado moderno do século XX. E conclui - o fim das vanguardas não representou o término da modernidade - e sim a sua plena realização. Elas cumpriram sua tarefa de abrir caminhos, e deixaram os poetas e os artistas diante de um horizonte ilimitado de possibilidades. A partir desse conjunto de preocupações, o autor relê e comenta a obra de alguns de seus poetas preferidos, como Waly Salomão, João Cabral de Melo Neto e Carlos Drummond de Andrade, e de gigantes da Antigüidade, como Horácio e Homero. Sem se restringir à poesia, o filósofo também se volta para os impasses e avanços das vanguardas em outros campos, como a música popular e a pintura moderna.




CANÇÃO DE ALMA CAIADA - Abaixo a primeira letra que a cantora Marina musicou, feita por Cícero nos USA, "Canção da Alma Caiada". Maria Bethania chegou a gravar a música em 77, mas foi censurada. Anos depois, Zizi Possi fez nova gravação. Embora Marina já tenha cantado essa canção em shows, nunca gravou-a em disco.


CANÇÃO DA ALMA CAIADA


Aprendi desde criança
Que é melhor me calar
E dançar conforme a dança
Do que jamais ousar

Mas às vezes pressinto
Que não me enquadro na lei:
Minto sobre o que sinto
E esqueço tudo o que sei.

Só comigo ouso lutar,
Sem me poder vencer:
Tento afogar no mar
O fogo em que quero arder.

De dia caio minh'alma
Só à noite caio em mim
por isso me falta calma
e vivo inquieto assim.




SABEDORIA NÃO É LENDA - Um mergulho no pensamento e na cultura do povo árabe é o que oferece o livro Contos árabes - Os clássicos, quarto volume de uma coleção da Ediouro que já lançou contos russos, ingleses e americanos. Na cultura árabe, para cada momento da vida, para cada sentimento existe uma fábula, uma lenda, um conto, que são passados de geração a geração pelos indispensáveis contadores de história. Na literatura resultante desse atavismo cultural, o que se vislumbra é um mundo místico e mítico, habitado por deuses e seres extraordinários, que oferecem reflexão e conhecimento à realidade concreta da vida cotidiana. O livro é um apanhado do que há de mais representativo e curioso nesse universo literário: lendas, fábulas e histórias curtas de escritores como o libanês Gibran Khalil Gibran, o egípcio Mohammed al-Mouwailihi, o iraquiano Al-Maçudi e o marroquino Ahmed Sefrioui, além de historietas compiladas do clássico As mil e uma noites.


Se no Ocidente o ato de escrever está associado ao comércio de livros e à vaidade intelectual, na cultura árabe só se escreve o conto se, por trás daquela história, existir efetivamente uma sabedoria. Escrever, na cultura árabe, é algo que está diretamente ligado à filosofia, ao acréscimo de conhecimento para o leitor. Ou seja, é preciso ter algo a dizer para se escrever. O leitor fica sabendo dessas idiossincrasias ao ler a introdução do livro, um ensaio escrito pelo tradutor e pesquisador Jamil Almansur Haddad, que faz uma esclarecedora explanação do contexto histórico e cultural em que se situa a literatura dessa região tão longínqua. A reunião de tão admiráveis obras literárias, mais a introdução de Jamil A. Haddad faz do livro Contos árabes um tesouro para os amantes da arte de escrever e para os admiradores dos mistérios que vêm do Oriente.

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