2.4.06

NO PAÍS DA AMBIGUIDADE - A seguir a resenha do livro Frescos Trópicos, publicada na edição deste domingo no Caderno B do Jornal do Brasil.




Assinado pelos pesquisadores James N. Green e Ronald Polito, o livro Frescos trópicos, lançado pela José Olympio Editora dentro da coleção Baú de Histórias, apresenta um estudo sobre a homossexualidade no Brasil entre 1870 e 1980. Por meio de relatos científicos, atestados médicos, artigos de jornais, relatórios de clínicas psiquiátricas e publicações diversas, os autores se propõem a contar como viveram e sobreviveram os homossexuais brasileiros desde o Império até a época do movimento Gay Power.
Frescos trópicos começa revelando como era o dia-a-dia de um sodomita no Brasil do século 19 ao analisar trechos de um relatório publicado em 1872 pelo médico Francisco Ferraz de Macedo, que descreve, em detalhes, o comportamento e estilo de vida dos homossexuais de então. Segundo o estudioso, os lugares freqüentados pelos chamados bagaxas eram as portas dos teatros, os bilhares, os botequins, cafés e praças públicas onde, ''em grupos de dois ou três, fumavam, gesticulavam muito e proferiam indecências''.
Em 1906, o professor José Ricardo Pires de Almeida publicou um livro chamado Homossexualismo, sobre o que ele considerava um vício hediondo. Sua tese era a de que pederastas ativos e passivos existiam em todas as classes sociais do Rio de Janeiro, inclusive na Igreja, no Exército e nas Forças Navais, entre funcionários públicos, diplomatas e juízes.
Ao analisar historicamente a documentação existente sobre o tema, Frescos trópicos conclui que a trajetória dos homossexuais brasileiros sempre se equilibrou entre a dor e a tragédia, sem perda do humor e da busca pelo prazer hedonista.
Há relatos médicos que sugerem tratamento clínico para a pederastia em instituições psiquiátricas, aplicações de remédios e até transplantes de testículos. Por outro lado, percebe-se em outros relatos que, apesar do preconceito, a prática homossexual, ainda que discreta, sempre esteve presente, de modo relevante, na sociedade brasileira.
Frescos trópicos ainda analisa a forte presença dos homossexuais no candoblé, revisita o Código Penal de 1890 e reporta-se aos freqüentes assassinatos de homossexuais no Brasil. Além disso, o livro traz curiosidades, como um artigo intitulado Da arte de caçar publicado no jornal O Snob, uma das primeiras publicações homoeróticas do país. No artigo, lança-se um manual de estratégias da arte de conquistar, buscando auxiliar ''aquelas que realmente desejam tornar-se ótimas pegadeiras''. Com essas e outras histórias, Frescos trópicos revela um pouco da ambigüidade do caráter do povo brasileiro.









UM BOFE COM MUITO ESTILO - Só Maria Bethânia para produzir tamanha ousadia! Chama-se Menino do Rio o novo disco da cantora Mart´nália, que está sendo lançado pela gravadora Biscoito Fino através do selo Quitanda, dirigido pela maravilhosa Maria Bethânia. Só com o aval da grande dama da música popular brasileira Mart´nália conseguiria lançar um disco tão ousado, tanto no conteúdo, como no conceito. Na capa a filha de Martinho da Vila aparece do jeito que mais gosta: como um autêntico menino do Rio. Só para massacrar os corações ela recria, em grande estilo, Estácio, Holly Estácio, a canção de Luis Melodia que foi um hino gay dos anos anos 70, quando gravado pela própria Bethânia, na época do seu famoso affair com a Renata Sorrah. No mais Mart´nália dá um show ao gravar Nas águas de Amaralina, do papai Martinho, além de pérolas de Zélia Duncan, Ana Carolina e Paulo Moska. É o disco da Copa!

Madonna vem aí...

 

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