1.8.06

OS REIS DO TATAME Xande Ribeiro foi o grande vencedor da maratona de artes-marciais que foi o XI Mundial de Jiu-Jitsu no ginásio do Tijuca Tênis Clube, de 26 a 30 de Julho. Roger Gracie mais uma vez foi vice-campeão. Nas edições anteriores Roger sempre ganhava todas as lutas, mas quando chegava na final acabava esbarrando no amazonense Ronaldo Jacaré, que sempre levava a melhor. Como esse ano Jacaré não competiu o que se dizia nos tatames da cidade é que Roger finalmente seria o vencedor. Eis que surge Xande Ribeiro, irmão do super campeão Saulo Ribeiro, que se consagra como o número 1 do torneio.


A luta entre Xande e Roger foi um evento. Cada um tinha sua própria torcida, já que são de academias diferentes. Roger é a estrela maior da academia Gracie-Barra. Xande é atleta da academia Brasa. Vibrantes e barulhentos, os torcedores ofereciam incentivo aos seus favoritos com gritos, berros, uivos, assovios e aplausos. Abre mais as pernas, Roger, berrava um torcedor. Não deixa ele sair dessa posição, Xandinho, grasnava outro. Enquanto isso os lutadores, esparramados no centro do tatame, parecendo alheios ao mundo à sua volta, executavam uma coreografia sensual feita de golpes e chaves. Pareciam feitos de borracha, tal a capacidade de contorcionismo dos corpos treinados com disciplina e obsessão. Às vezes parecia que os dois atletas eram uma só pessoa, tal a capacidade que tinham de se moldar aos caprichos do corpo do outro.


Leonardo Leite fez uma bela luta com Delson Pé de Chumbo. O atleta, que também é faixa-preta de judô, deu um show no campeonato. Leo leva a luta muito a sério. Para ele a prática das artes marciais é um exercício de caráter religioso. E sua atitude nos bastidores do torneio reforçava isso. Muito concentrado, se isolava de todos no intervalo entre as lutas. Ficava num canto atrás de um painel publicitário, o olhar perdido, parecendo alheio. Quando entrava na área de luta não olhava para ninguém, olhava para o além. Todos os seus sentidos estavam voltados para os golpes que pretendia usar a fim de dominar o adversário e submetê-lo à sua força. Foi a sua postura como praticante de Jiu-Jitsu que transformou a luta com Gabriel Napão numa disputa eletrizante. Uma disputa muita técnica, tanto na demonstração de força como na resistência aos golpes do adversário.


Roberto Tozzi foi outra grande figura do torneio. Tozzi é enorme. Fisicamente, parece um touro bonitão. Mas, ao mesmo tempo, é um sujeito doce, gentil. Ele não perde a doçura nem quando está rolando no tatame, disputando uma luta feroz com outro atleta. Tem um semblante sereno. Um sorriso afetuoso. Respeitoso com o adversário. Uma tranqüilidade de quem está ali participando de uma festa de confraternização entre amigos. Um autêntico Samurai.


Rodrigo Comprido é um dos atletas mais celebrados do Jiu-Jitsu. Ganhou a luta contra Ismael Mota, mas perdeu para Roger Gracie. Em ambas as ocasiões, sua atitude perante o resultado foi a mesma: tranqüilidade e profissionalismo. Rodrigo é dono de duas academias: uma no Rio outra em Búzios. Na academia de Búzios, uma casa em frente a praia de Geribá, ele dá aula apenas para atletas estrangeiros interessados em aprender os macetes do Jiu-Jitsu praticado no Brasil. Atualmente Rodrigo desenvolve um projeto interessante. Ele quer abrir em Ipanema uma academia de defesa pessoal apenas para gays.


Ismael Mota é um personagem do Posto Nove. No melhor estilo menino do Rio está sempre na praia conversando com outros lutadores ou admirando a beleza das garotas de Ipanema. É gaúcho e está no Rio tentando a sorte como atleta de lutas. No XI Mundial ele ganhou a primeira disputa, mas perdeu a segunda para Rodrigo Comprido. O juiz me roubou!, dizia ele, chateado, no vestiário do estádio.


Bráulio Estima é puro carisma. O lutador pernambucano de 26 anos é ágil e rápido. Um atleta que sabe levar o combate para o lado que quer. Bráulio também sabe conduzir a platéia. Se ele fosse um artista de teatro eu diria que ele tem timming. Numa luta de muita categoria derrotou Delson Pé de Chumbo, colega de academia, por seis pontos a quatro. Vive entre o Brasil e a Inglaterra, já que é professor de Jiu-Jitsu numa academia em Birmingham. Bráulio Estima também é um rapaz muito bonito, como todos podem ver na foto acima. E ainda tem esse nome encantador.


Danilo Índio deu show na faixa marrom. Apesar do corpo magro tem muita força e uma grande capacidade de se livrar dos golpes dos adversários. Danilo também luta Vale Tudo e participou do Jungle Fight 6, em Manaus. É um atleta que luta para o pai, seu maior ídolo, um homem chamado Índio, que no passado foi um grande lutador, contemporâneo do velho Hélio Gracie. Índio, o pai, estava na platéia e isso já deixou o atleta emocionado. E cheio de gás na disputa com os adversários.


Robert Drysdale nasceu nos EUA e veio morar no Brasil quando tinha dez anos. Se identificou de imediato com os encantos do País Tropical e com a mais brasileira das artes marciais: o Jiu-jitsu, arte marcial que começou a praticar em 1998. Quando os pais voltaram para a América ele optou por ficar no Brasil. Atualmente Drysdale mora em Itu, cidade do interior de São Paulo, onde tem uma academia. Enfrentou com garra Roger Gracie, mas não resistiu aos ataques da fera.


Marcio Feitosa está morando em Los Angeles, mas fez questão de vir ao Rio participar do Mundial. Veterano do torneio, o atleta está radicado nos EUA, que se tornou um disputado mercado de trabalho para brasileiros praticantes de Jiu-Jitsu. Na primeira luta Marcio machucou a cabeça, então, na segunda, lutou com a cabeça toda enfaixada. Ficou engraçado. Parecia que o sujeito estava lutando com um turbante.




AQUI fotos do XI Mundial de Jiu-Jitsu





OS REIS DO TATAME – O adolescente Kron Gracie venceu seis lutas seguidas e está se preparando para seguir os passos do pai, o mítico Rikson Gracie, ainda hoje o mais bem sucedido dos lutadores brasileiros. Não teve jeito. Depois de finalizar todos seus oponentes na Copa do Mundo, Kron repetiu a dose e finalizou seis adversários no XI Mundial de Jiu-Jitsu. Com isso, Kron faz um saldo de onze finalizações, e ganhou a faixa marrom depois da final, dada pelo tio Royler Gracie. Pega que é tua garoto!, gritou o tio. Até receber a faixa marrom, Kron ainda passou por José Eduardo, da Academia Carlson Gracie e na final enfrentou Daniel Trindade, da academia Oswaldo Alves, de Manaus. Mas se os dez adversários bateram antes dos dez minutos, Trindade endureceu e chegou a pontuar, com uma raspagem. Kron reverteu o placar e quase finalizou numa chave-de-pé, bem defendida por Trindade. Na seqüência, Kron raspou, passou a guarda e pegou as costas, de onde obrigou o amazonense a bater aos 6min10s.






OS REIS DO TATAME – Fora da área de luta, nas arquibancadas e platéia, o clima era de muita festa e confraternização. Grandes astros das artes marciais circulavam no estádio do Tijuca Tênis Clube, dando prestigio e glamour ao torneio. Saulo Ribeiro torcendo muito pelo irmão Xande Ribeiro. Márcio Pé de Pano incentivando os atletas da Barra-Gracie. Ronaldo Jacaré, Carlão Barreto, Bebeo Duarte, Juan Jucão. O super astro do Vale Tudo Wanderley Silva muito cumprimentado por todos. Royler Gracie com a mulher Vera. Ricardo Macchi, o eterno cigano Igor da novela, matando saudades dos tempos de lutador. A lutadora japonesa Kanako Inaba filmando tudo com sua cãmera. Sem esquecer o pessoal da imprensa especializada, como o jornalista Marcelo Alonso que fotografava tudo para a revista Tatame. Comandando a festa Carlos Gracie, o presidente da Confederação Brasileira de Jiu-Jitsu.






OS REIS DO TATAME - Os jornalistas Hashimoto Kinya e Go Matsuyama foram achacados por policiais quando voltavam do estádio do Tijuca Tênis Clube e iam para Copacabana. O taxi em que estavam foi fechado por uma viatura da Policia Militar. Os soldados fardados revistaram a bolsa e a carteira dos rapazes. Tocaram o terror e disseram que iam ter que levá-los presos porque eles estavam sem os passaportes. Caso eles não quisessem ser presos teriam que dar dinheiro. Os japoneses então ofereceram cem reais. Os policiais disseram que eles tinham mais dinheiro na carteira e acabaram levando quatrocentos e cinquenta reais.

No Rio de Janeiro está assim. Quando o sujeito não é assaltado pelos bandidos é assaltado pela policia. Hashimoto e Go estavam indignados no último dia do campeonato. Rio never more! bradava Hashimoto repetidas vezes num engraçado ingles com sotaque japones. Essa é a quinta vez que a dupla vem ao Rio cobrir o Mundial de Jiu-jitsu para a revista GONG uma das mais importantes publicações de artes marciais do Japão.


Madonna vem aí...

 

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