17.10.06

OS GUARDA-REDES MORREM AO DOMINGO – O honroso quarto lugar da seleção de Portugal na última Copa do Mundo deu um novo ânimo na paixão dos portugueses pelo futebol. Os blogueiros de Portugal não se cansam de escrever sobre o futebol e sua relação com a vida cotidiana. Agora, embalado nessa nova onda, foi lançado em Portugal o livro Os guarda-redes morrem ao domingo. É uma coletânea de contos e poemas tendo como tema o futebol e sua relação com a política, a economia, a cultura, o amor e o sexo. Guarda-redes é como, no apaixonante português de Portugal, são chamados os goleiros. Adoro essa expressão. Guarda-redes é uma palavra que me deixa de pau duro.


Os guarda-redes morrem aos domingos foi escrito por José do Carmo Francisco, cronista esportivo do jornal A Bola. O livro é composto de 11 contos, 11 crônicas e 11 poemas. E adquiriu esse formato através de uma inspiração brasileira. Numa entrevista, durante o lançamento do livro o escritor patrício declarou:






Organizei o livro deste modo em 1995 numa espécie de homenagem ao escritor brasileiro Edilberto Coutinho, autor do célebre Maracanã, adeus, um livro com 11 contos. Só que os contos dele são quase novelas e os meus são quase poemas. Uma questão de volume. Como, entretanto, tinha escrito uma série de crónicas sobre Clubes desportivos sob o título genérico de Os emblemas da minha vida, escolhi 11 crónicas. Depois foi só juntar 11 poemas que já estavam escritos e dormiam no silêncio da gaveta. Isto prova que num certo sentido toda a Literatura é uma homenagem à Literatura.






O prefácio do livro foi escrito por Dinis Machado, autor do romance O que diz Moleiro, que já foi adaptado para o teatro no Brasil. Dinis é filho de um árbitro que mais tarde foi cronista esportivo. No prefácio ele faz uma leitura do futebol como paixão e lugar de festa num cotidiano cada vez mais cinzento. Ou, como diria o poeta Ruy Belo, “num tempo sem religião o Futebol pode ser uma religião e a ida ao Estádio pode ser a semanal celebração litúrgica com 11 sacerdotes num altar de relva”. Sobre a relação entre a literatura e o futebol o autor José do Carmo Francisco disse:






Conheço exemplos notáveis em Itália (Umberto Saba), no Brasil (José Lins do Rego, Mário Filho, Silvio Castro, Nelson Rodrigues), em Portugal (Manuel Alegre, Francisco José Viegas) para citar apenas alguns escritores que dedicaram obras ao futebol. Mas, como tema, o futebol ainda é muito recente na vida da Humanidade. Um século, para a Humanidade, não é quase nada. O Sporting e o F.C.Porto foram fundados em 1906, o Sport Lisboa e Benfica em 1908. O amor e a morte são muito mais antigos, a adultério e o incesto também. Sem esquecer o ciúme e o crime. Este meu livro não marca golos na baliza da crítica. Foi recebido com indiferença pelos jornais e revistas de grande circulação, tirando a excepção do «Expresso» com um excelente texto de Fernando Venâncio. Um grande golo, esse sim, ainda por cima marcado «fora de casa», em Amsterdão, via e-mail.










Eles ganham mas à vezes perdem. Eles vivem mas às vezes morrem. Sempre que sofrem um golo impossível, sempre que no último minuto se deixam bater e um resultado muda, é uma pequena morte. Um esquecimento negro esconde no olhar dos adeptos todas as defesas, todas as intervenções positivas dos restantes minutos.” (Trecho do livro Os guarda-redes morrem ao domingo)






NOTA SOCIAL – E já que estamos falando em Portugal merece registro a visita ao Rio do programador da Cinemateca de Lisboa, o brasileiro radicado em Portugal Antonio Rodrigues. Culto e inteligente, grande conhecedor do cinema europeu, Antonio foi homenageado com uma feijoada na casa da socialite Helô Gama, na Barra da Tijuca. Além de divertidas histórias sobre a indústria do cinema na Europa, Antonio contou casos muito divertidos sobre os portugueses durante a Copa do Mundo.



VOTO ÚTIL, VOTO FÚTIL E VOTO INÚTIL – A revista Carta Capital está bombando nas bancas de jornais contando como a TV Globo e as grandes empresas jornalísticas manipularam informações e se uniram para publicar as fotos do dinheiro apreendido pela polícia, com o intuito de levar a eleição para o segundo turno. Mais uma vez a culpa é da Globo. Ora bolas, se houve uma trama para levar a eleição para o segundo turno então pode se dizer que foi uma trama com uma boa intenção. Afinal, como disse Caetano Veloso, a melhor coisa que poderia ter acontecido ao Brasil foi a eleição ter ido para o segundo turno.

Eu, pessoalmente, acho que a eleição iria para o segundo turno de qualquer maneira. Não acho que a publicação das fotos do dinheiro teve qualquer influência. Nem mesmo a ausência de Lula no debate da Globo influiu no resultado da eleição. Eu não confio tanto nos institutos de pesquisa. Em vários estados aconteceram surpresas, com eleições que contradisseram o resultados das pesquisas. Ninguém pode ser ingênuo e achar que o Lula ia levar essa eleição fácil. Não depois de quatro anos de um governo medíocre, onde houve muitos escândalos de corrupção e nenhuma realização digna de nota.

A reportagem da Carta Capital é sensacionalista. Autêntica imprensa marrom. É uma pena que o calor dos tempos de eleição leve os jornalistas a perderem o senso e a sensibilidade. Ao ler a reportagem e ver o logotipo da Globo na capa da revista eu lembrei da eleição de Lula. Lembram que ele deu a primeira entrevista ao Jornal Nacional? Foi a coisa mais constrangedora que eu já vi na TV. Lula no estúdio da Globo e os jornalistas aplaudindo. Tremenda babação de ovo. Aliás, eu acho que o Jornal Nacional deveria reprisar esse que foi o momento mais bizarro da história da Globo. Agora a TV Globo mais uma vez está sendo acusada de manipular o noticiário contra o Lula, um político que sabe como ninguém interpretar o papel de vítima.


Baseado meu amor...

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