19.12.06

VERÃO VERMELHO – É chocante a revelação da Polícia Federal de que o ex-chefe da Polícia Civil Álvaro Lins era, na verdade, o chefe de uma quadrilha que comandava o crime organizado no Rio de Janeiro. Esse foi o assunto mais discutido nas areias de Ipanema no último domingo de sol escaldante. As manchetes dos jornais não deixavam dúvidas sobre um dos mais votados deputados estaduais da última eleição. As evidências são muito claras. Agora a população entende porque, durante os seis anos da gestão de Álvaro Lins, o crime parecia tão organizado. Pois é. Era organizado pela própria polícia.


Se o Cazuza tivesse vivo estaria muito decepcionado com Álvaro Lins, que ele certa vez apelidou de Alvinho. Na época em que Cazuza ia à praia no Posto Nove com Ezequiel Neves, Bineco, Iara Neiva e sua turma de boêmios delirantes, o Álvaro Lins era apenas um atleta de praia que jogava vôlei nas areias de Ipanema. Com vinte e poucos anos, corpo de atleta e cara de bofe, ele chamava atenção das mulheres e dos gays que eram loucos por ele. O célebre fotógrafo carioca Alair Gomes costumava fotografá-lo jogando vôlei, sem que o atleta percebesse. Quando Álvaro parava de jogar e ia se refrescar na água do mar todos paravam para olhá-lo. E ele ficava olhando de cara feia para os malucos que fumavam seus baseados na praia. Foi nessa época que Cazuza o apelidou de Alvinho. Pois é. O pilantra do Álvaro Lins antes de se tornar o chefão da polícia, ou melhor, o chefão do crime organizado no Rio, foi muso inspirador de dois importantes artistas brasileiros: Cazuza e Alair Gomes. Ainda bem que eles não estão mais vivos para verem o monstro que estava por trás daquele bofe irresistível.










MY NAME IS BOND - A cena mais incrível do filme Cassino Royale é quando o vilão tortura James Bond. 007 está nu, sentado numa cadeira sem fundo, com as mãos amarradas para trás. Le Chiffre, o vilão que chora lágrimas de sangue, olha-o sem roupa e comenta algo como "você soube cuidar do seu corpo, não é 007"? Depois começa a torturá-lo com uma corda dando golpes no saco do agente de sua majestade. Ai que dor! É a cena mais erótica dos 21 filmes da série. O homoerotismo pulsa entre o torturador e o torturado. Daniel Craig além de bom ator tem um corpo incrível e uma cara de bofe-encrenca que cai muito bem no personagem. E o filme não se acanha ao mostrar aquele seu peitoral sexy e malhado. A cena em que ele sai do mar vestido apenas de sungão é comparável a famosa cena de Ursula Andress surgindo na praia em O Satânico Dr. No, o primeiro filme da série. Em tempo: a tradicional abertura do filme é belíssima.

Para quem gostou do filme vale a pena ler o romance de Ian Fleming que a editora Record lançou junto com o filme. Publicado pela primeira vez em 1953, o livro Cassino Royale mostra um James Bond ainda na ressaca da Segunda Guerra. É interessante observar como os roteiristas do filme adaptaram o romance para os dias atuais sem perder o charme da história original. O livro Cassino Royale é gostoso de ler e tem uma narrativa envolvente. Em 1953 não havia toda essa tecnologia que dá charme ao James Bond moderno, mas a trama intricada e o clima de suspense pareciam maior diante da escassez de tecnologia. O que não mudou entre o lançamento do livro em 1953 e a estréia do filme em 2007 foi o charme e o fascínio dos cassinos. Nesse cenário o filme reproduz exatamente o clima do livro.

Ian Fleming nasceu em 1908, filho de uma abastada família inglesa. Estudou em Eton, onde se destacou apenas em atividades esportivas, sendo obrigado a deixar a instituição após um escândalo envolvendo uma aluna. Entrou para a academia militar, que também deixou antes de concluir o curso. Foi viver e estudar na Áustria, mas não se decidia por profissão alguma. Tentou seguir carreira diplomática, mas não foi aprovado nos exames. Foi, então, contratado como jornalista pela agência Reuters. Na época, a fortuna da família havia se dissipado. E Ian percebeu que os ganhos de um repórter não eram suficientes para manter seu padrão de vida. Decidiu tentar carreira em um banco londrino. Começou a freqüentar a melhor sociedade local quando estourou a Segunda Guerra Mundial.

Em maio de 1939, Ian Fleming foi trabalhar na inteligência britânica, onde se destacou profissionalmente. No último ano do conflito fez uma viagem à Jamaica e apaixonou-se pelo Caribe. Decidiu mudar-se para lá após a guerra, mas ficou apenas dois meses. Voltou à Inglaterra, mas todos os anos passava o inverno na ilha caribenha. Aos 44 anos, Fleming casa-se com sua amante de muitos anos. Em 1952, prestes a ser pai, publicou seu primeiro livro, Cassino Royale, romance de espionagem protagonizado por um agente inglês chamado James Bond. O sucesso foi enorme e ele escreveu outros 13 livros do agente 007 até a sua morte, em 1964, de ataque cardíaco.


Abaixo, trecho do livro Cassino Royale, de Ian Fleming.


Le Chiffre fitou Bond com uma expressão desprovida de curiosidade, os brancos que contornavam as íris emprestando aos seus olhos a impassibilidade de um boneco. Devagar, removeu da mesa a mão direita e a introduziu no bolso do paletó branco. A mão saiu segurando um pequeno cilindro metálico com uma tampa que Le Chiffre desenroscou. Com uma convicção obscena, inseriu o bocal do cilindro duas vezes em cada narina, inalando com prazer o vapor da benzedrina. Sem a menor pressa, guardou o inalador no bolso, e então sua mão voltou para acima do nível da mesa e desferiu uma rápida e violenta batida no sabot. Durante essa pantomima ofensiva, Bond manteve-se olhando fixamente para o banqueiro, analisando a extensão larga do rosto branco, coroado por um tufo de cabelos ruivo-acastanhados, a boca vermelha e séria e a largura impressionante dos ombros, cobertos por um paletó branco muito folgado. Não fosse pelo brilho do cetim nas lapelas cortadas em forma de xale, Bond poderia imaginar-se de frente para o busto de um minotauro elevando-se de um campo verdejante. Pousou o maço de notas na mesa sem contá-las; se perdesse, o crupiê retiraria o necessário para cobrir a aposta. Mas, com esse gesto displicente, Bond estava indicando que não esperava perder e que essa era apenas uma demonstração simbólica dos fundos à sua disposição.






JE T´AIME MOI NON PLUS - Jean Michel Couve, o prefeito de Saint-Tropez passou uma semana no Rio, em função do tratado de amizade firmado com Búzios. A partir de 2007, a cada ano, haverá a Semana Saint-Tropez-Búzios com festejos nas duas cidades. O mito Brigitte Bardot é a fonte de inspiração desse convênio, já que foi a célebre atriz francesa quem tornou famosas as duas cidades. Uma regata entre Saint-Tropez e Búzios vai ser o principal evento. Num almoço no Hotel Plaza Ipanema Monsieur Couve contou que um importante fabricante de material esportivo da França, já firmou contrato para patrocinar a regata. Haverá também raves, festival gastronômico e uma mostra de filmes de Brigitte Bardot. A Semana Saint-Tropez-Búzios também terá como finalidade dar continuidade aos eventos relativos ao Ano do Brasil, que rolou o ano passado na França, e preparar terreno para os festejos do Ano da França no Brasil, que será em 2008.

Jean Michel Couve é um senhor muito simpático. Quando perguntei se ele costumava encontrar com Brigitte, ele disse que a estrelinha francesa hoje é uma senhora muito reclusa e raramente aparece em público, mas que eventualmente a encontra, pois são amigos. Couve contou que é cardiologista e que, no passado, antes de entrar para a política, foi médico da Brigitte Bardot.

O prefeito disse que até pouco tempo Brigitte não sabia dessa história de Búzios. BB não sabia que até hoje é celebrada na cidade e que tem uma estátua em sua homenagem na via batizada de Orla Bardot. Foi no ano passado, quando ficou acertada a parceria Búzios-Saint Tropez que Monsieur Couve contou a Brigitte que ela é um símbolo daquela longínqua praia do Rio. Segundo o prefeito ela ficou encantada e riu muito da estátua. Ela foi convidada a vir na comitiva, mas recusou. BB não gosta mais de viajar, andar de avião, aeroporto. BB prefere ficar sossegada em sua casa em Saint-Tropez cuidando dos seus gatos e cachorros.

O almoço do Plaza Ipanema reuniu a comunidade francesa, jornalistas e personalidades da vida brasileira. Na ocasião o prefeito Couve entregou a jornalista Gloria Maria o título de cidadã de Saint Tropez. Glória é figura conhecida no pedaço, já que, sempre que pode, costuma passar férias no balneário francês. O Secretário de turismo de Búzios Armando Ehrenfreund aproveitou o evento para entregar o titulo de cidadã de Búzios, o que deixou a homenageada deveras emocionada. Sendo assim Glória Maria é a musa da semana Saint-Tropez-Búzios. Quando Couve disse que ia encontrar César Maia eu pedi ao francês para dar uns conselhos ao nosso prefeito. Ele não é um bom prefeito?, perguntou Couve. É péssimo, o pior que já tivemos, respondi.


Madonna vem aí...

 

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