7.4.07

O LAGO DOS CISNES – Eu não consegui evitar as lágrimas na última cena do balé O lago dos cisnes, no Theatro Municipal. Depois de matar o bruxo que transformou a princesa num cisne, o príncipe a encontra morta, a carrega nos braços e a leva até o centro do palco. Tudo isso ao som da magnífica sinfonia que Tchaikovski criou para o balé. Foi lindo. Já assisti mais de uma dezena de vezes a esse espetáculo e sempre me emociono e fico com vontade de assistir novamente.

O que me atrai nesse espetáculo, em primeiro lugar, é a música de Tchaikovski. Não me canso de ouvir os acordes perfeitos que o compositor russo criou para ilustrar a história. E a orquestra sinfônica do Municipal deu show tocando ao vivo a música que descreve os sentimentos dos personagens, que são os sentimentos mais nobres e dolorosos do ser humano. A orquestra merece todos os aplausos do mundo. Bravo!

Sempre fui fã de Tchaikovski por causa de sua música. Minha admiração por ele se tornou maior depois que li Tribunal de Honra, a biografia do artista escrita por Dominique Fernandez. O mundo em que ele viveu e a maneira como ele conviveu com os valores éticos e morais de sua época me tocaram muito. O mais bacana nesse livro é que o autor, Fernandez, escreveu um livro à altura da arte do seu personagem. Tribunal de honra está para a literatura assim como O lago dos cisnes está para a música.

O corpo de baile do Municipal está em grande forma. Harmonia e talento a serviço da dança. Nas outras versões que tive o prazer de assistir havia uma grandiosidade de cenários e efeitos especiais. Nessa última montagem tudo era mais simples. A grandiosidade e os “efeitos especiais” ficaram a cargo do corpo de baile que, com talento e criatividade, criaram um espetáculo diferente respeitando todas as marcas da história original. Aplausos efusivos é o que merece a coreógrafa Yelena Pankova.
O bom de ver um espetáculo como O lago dos cisnes é poder perceber de forma bem clara, que o que salva o ser humano da sua mediocridade existencial é a arte. Sempre a arte.






ASSIM NA TERRA COMO NO CÉU – Que Deus nos abençoe. Nesta sexta-feira santa o cardeal arcebispo do Rio Dom Euzébio Scheidt invadiu uma representação teatral da Paixão de Cristo na Lapa para fazer um discurso contra a prática do aborto. No momento em que ia acontecer a ressurreição de Cristo, talvez tomado pelo espírito do personagem, o cardeal entrou em cena e conclamou o povo que assistia ao espetáculo a rejeitar qualquer tentativa de legalização do aborto. Para a igreja católica, em qualquer situação, a mulher deve levar a gravidez até o fim. Aquelas que não seguirem esse preceito devem continuar sendo considerada uma pecadora, para a igreja, e uma criminosa, para a sociedade.

Ao mesmo tempo, no Vaticano, Bento XVI critica as mulheres que, segundo ele, querem viver como os homens. Isso significa trabalhar, reivindicar seus direitos, ter poder de decisão. A igreja sugere que as mulheres se dediquem aos filhos e a família. É por isso que o livro O código da Vinci está na listas dos mais vendidos há quatro anos. Por que ele mostra como, ao longo dos séculos, a igreja sempre buscou manter a mulher subjugada ao homem. A igreja católica é uma instituição machista. E pronto.

Não por acaso foi divulgada nesta sexta-feira santa novas previsões sobre as conseqüências para a humanidade do aquecimento global. O mundo está à beira de uma catástrofe provocada pelo homem. E uma das razões dessa tragédia é a super população. O homem, o ser humano, se tornou, para o planeta, o mesmo que piolhos para um cão. O planeta precisa se livrar desses piolhos para continuar existindo. Um rígido controle de natalidade seria uma alternativa para a sobrevivência do homem na terra. E vem dom Euzébio invadir a Paixão de Cristo e criticar a legalização do aborto.

Certamente, para o pensamento católico, o homem é mais importante que a natureza. Ué? Eu pensei que a natureza fosse a mais perfeita tradução da existência de Deus. Mas, se a igreja católica defende a idéia de que mais crianças devem vir ao mundo para poluir rios e mares, destruir florestas e acabar com as demais espécies vivas, então sou forçado a acreditar que a igreja está querendo acabar com Deus. Acho que preciso ler O código da Vinci mais uma vez. Amém!


Madonna vem aí...

 

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