19.5.07

NOITE EM PIGALLE – O escritor Simon Lane chegou na festa de lançamento do seu livro Noite em Pigalle acompanhado do irmão gêmeo Guy Lane, que veio de Londres especialmente para a ocasião. Os convidados fãs e amigos do autor ficaram surpresos e se divertiam com a semelhança entre os dois. Simon é bem humorado e recebia a todos com piadas ou brincadeiras. Eu vi o que você escreveu no seu blog. Agora me sinto famoso, me disse ele, enquanto escrevia no meu exemplar: De Simon para Waldir, respect! Yours, Simon.

Noite em Pigalle combina humor, inteligência e erotismo ao explorar o casamento entre arte e comércio. É a história de um escritor, um inglês chamado Fear, que vive em Paris, atolado em dívidas. Ele é aconselhado por sua gerente de banco, a enganadora Madame Jaffré, a escrever algo “comercial... erótico, talvez” para aliviar seus problemas financeiros. Fear então embarca num romance dentro do romance sobre uma garota de Pigalle e um piloto americano.

Com sua incrível câmera digital Marco Rodrigues fotografava tudo. O escritor, os simples mortais, a livraria e as celebridades que foram dar uma pinta no lançamento. Na fila de autógrafos Claude do Amaral Peixoto, Verinha Bocayuva, Kátia Vita, Dudu Garcia, Lou de Oliveira, Anna Maria Tornaghi e mais um monte de gente. O presidente da Associação Comercial do Rio Olavo Monteiro de Carvalho também foi prestigiar o autor, que é casado com sua ex-mulher, Betsy. Narcisa Tamborindeguy, que estava companhada de seu personal terapeuta, levou uma braçada de rosas para o escritor. A presença de Lenny Niemeyer deu aquele toque de elegância e charme. E a todo-poderosa Luciana Villas Boas estava linda como sempre.

Mas quem roubou a cena na Livraria Argumento foi a jovem princesa do high society Concepcion Cochrane. Concepcion é mais que uma mulher é um evento. Fazia tempo que os salões chiques e elegantes do Rio de Janeiro não viam uma figura feminina tão interessante. Tão original na sua beleza e juventude. Concepcion é superior, classuda, tem estilo, élan. É linda. Absolutamente linda. Desde Cynthia Howllet que uma mulher não causava tanto furor na cidade. Ela é estilista e havia desenhado o par de botas até o joelho que usava com tanta graça. A calça comprida preta bem justa combinava de forma irreverente com o casaco que vestia por cima de uma blusa branca. A roupa é dificil de descrever, mas dava a impressão que ela tinha acabado de sair de um torneio de pólo. A jovem diva nasceu na Argentina é alta, esguia, caminha com muita classe e tem cabelos longos que ela joga como ninguém. E possui aquilo que define uma estrela: personalidade. Seu perfil poderia ter sido desenhado por Caravaggio num dia de particular inspiração. Se isso tudo não bastasse ela ainda tem esse nome que é um verdadeiro achado: Concepcion!

Champanhe, champanhe, champanhe...






Leia a seguir um trecho do livro NOITE EM PIGALLE

Quando Fear voltou ao seu quarto, sentou-se à sua mesa e olhou pela janela para o pátio. Duas das crianças árebes jogavam futebol, e o som da bola caindo no chão de pedras arredondadas reverberava surdamente de uma parede à outra. Do lado oposto, no andar térreo, o compositor estava ao piano. As batidas da bola e o toque nas teclas do piano criavam um som de beleza distante, um sopro de infância exalado no ar parado de verão que levava Fear de volta a um jardim, um lápis de cor traçando a trajetória de uma andorinha por um céu de papel em branco e uma bola de tênis enfiada numa cerca viva, visões fugazes de uma outra vida, desaparecida para sempre, e, no entanto, ainda vista, como a esteira de um navio que há muito tempo desapareceu atrás de uma ilha. A bola bateu, os dedos tocaram nas teclas e ometrônomo marcava o tempo para tudo aquilo que acontecia ao seu redor.

Fear tinha batizado o compositor de Eton e sua namorada de Eve, sem conhecer seus nomes reais. Moravam juntos no andar térreo, mas Eve tinha um estúdio no andar de cima, onde passava a maior parte do tempo. Às vezes gritavam um com o outro, outras vezes, nada diziam; era como se dias inteiros passassem sem que eles se comunicassem. Fear freqüentemente se perguntava como duas pessoas tão diferentes conseguiam viver juntas. Era verdade que pólos opostos se atraíam? Quem saberia como as coisas funcionavam – eram complexas demais para analisar. Se conseguisse encontrar a solução, você encontraria a chave da existência.

Nunca os cumprimentava no pátio, porque sentia que aquilo poderia levar a uma conversa e intimidade de que depois se arrependeria. Não pareciam considerá-lo grosseiro; estavam mergulhados em seus pensamentos quando passava por eles e provavelmente não tinham interesse por ele. O que o intrigava, naturalmente, era o fato de que podia vê-los quando cada um estava sem saber o que o outro fazia. Isso lhe dava uma onisciência que ele saboreava. Era talvez a razão real por que não queria se comunicar com eles, pois, no papel de voyeur, teria se sentido um hipócrita.






Eu olho para o mar, para o céu, para o que é ininteligível e distantemente próximo. (Henry Miller, Trópico de Câncer)


O sorriso dele esticou sua pele até a orelha como saias de cetim levantadas numa calçada chuvosa. (Zelda Fitzgerald, A Couple of Nuts)


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