13.6.07

IPANEMA EM LÁGRIMAS – Poderia ser a trama de uma novela do Gilberto Braga, mas essa é uma história real. Um advogado de Ipanema, cinquentão, boa pinta, estava no sossego do seu lar quando o telefone tocou. Do outro lado da linha, ligando do interior de Minas Gerais, um rapaz que o advogado nunca tinha ouvido falar, se apresentou e disse que era seu filho. Com a voz firme e pausada contou a história de sua vida, falou sobre sua mãe e sobre o romance que ela teve no passado com um jovem estudante que morou um certo tempo em sua cidade.

O advogado ficou impressionado com aquela situação inusitada e convidou o rapaz para vir ao Rio, pois queria conhecê-lo pessoalmente. Hospedou-o num excelente hotel em Ipanema e o levou para jantar no Satyricom onde tiveram um primeiro contato carregado de emoção. Em nenhum momento o pai duvidou da história do rapaz que, desde o primeiro instante, lhe pareceu uma pessoa correta. Não teve grandes dúvidas sobre a veracidade da história. Realmente, na juventude, havia morado naquela cidadezinha do interior de Minas. Além disso, apesar de ser um sujeito de muitos amores, nunca havia esquecido nenhuma de suas namoradas. E lembrava muito bem da jovem que havia namorado naquela cidade, antes de se mudar para a Capital a fim de estudar Direito.

O rapaz contou que quando a mãe descobriu que estava grávida seu ex-namorado já tinha mudado da cidade. Ao contar aos pais o que estava acontecendo a família resolveu assumir a criança e o menino foi criado pelo avô e pela avó, que nunca esconderam a verdade do garoto. Quando adolescente ele quis procurar o pai, mas o avô o desencorajou. Dizia que ali nada lhe faltava e tinha receio de que o garoto se decepcionasse ou fosse mal recebido. O menino então decidiu acatar o desejo do avô, mas cresceu com o sonho secreto de um dia encontrar seu verdadeiro pai. Quando o avô morreu, meses atrás, ele decidiu correr o risco e procurar seu verdadeiro pai. Através do nome completo que a mãe lhe tinha dito quando ainda era criança, procurou a OAB até chegar ao advogado de Ipanema.

Esta semana saiu o resultado positivo do exame de DNA que ambos, de comum acordo, mandaram fazer. Agora os dois estão felicíssimos. O mais bacana nessa história é que o pai acreditou na história do filho antes mesmo de fazer o exame. E essa é uma excelente maneira de dar início a uma amizade. Agora o advogado, que até semanas atrás não tinha filho algum, tem um primogênito de vinte e oito anos que curte, respeita e admira. E até o fim do ano será pai de um segundo, já que sua mulher está grávida e vai dar a luz no segundo semestre.

A vida é bela.






LE ROMAN DE RIO – Está sendo lançado na França, com noite de autógrafos na Embaixada Brasileira em Paris no dia 16, o livro Le Roman de Rio, do repórter da revista L´Express Axel Gylden. Em 2005 durante as comemorações do Ano do Brasil na França o jornalista veio ao Rio fazer uma pesquisa sobre o seu livro. Circulou pela zona sul, pelo subúrbio, foi a Petrópolis, Terezópolis, Búzios e Parati, entrevistou antropólogos e hsitoriadores, curtiu nossa música e nossas praias, degustou a nossa culinária e procurou viver um pouco do cotidiano do carioca. E, a partir desse trabalho criou um roamance ambientado na cidade.






FOTOS TROPICAIS – Clique no link ao lado e veja um punhado de fotos. Memórias fotográficas deste blog que vos fala.




O LIVRO É O MELHOR AMIGO DO HOMEM - O escritor e cineasta Clive Barker está com um novo livro na praça: Galilee. É um romance sobre uma importante e tradicional família americana envolvida numa seqüência de tragédias. Qualquer semelhança com a família Kennedy é apenas coincidência. A literatura de Mr Barker é original. Ele possui um estilo muito interessante de contar suas histórias. Seus personagens estão sempre dizendo ao leitor que a vida real é algo sem importância. Que existe uma vida muito mais interessante num mundo paralelo ao qual nós, simples mortais, não temos acesso.

De Clive Barker li O desfiladeiro do medo, um perturbador romance sobre Hollywood. Ou melhor, sobre os fantasmas que habitam a indústria do cinema americano. Narra a história de um grande astro de Hollywood que, depois de fazer uma operação plástica mal sucedida, se vê obrigado a se esconder do público e da imprensa. Ele vai para uma mansão num vale isolado de tudo e de todos. Nesse lugar misterioso, o desfiladeiro do medo, existe uma passagem secreta onde, quem atravessa, encontra os fantasmas de alguns dos mais famosos astros de Hollywood. É divertido e excitante, já que o autor mistura personagens fictícios com estrelas da vida real como Quentin Tarantino e Madonna. Mas eu não agüentei ler o livro até o final, pois me envolvi muito com a história e comecei a ficar com medo dos fantamas de Tyrone Power, Heddy Lamar e Glória Swanson.

De Clive Barker também li o romance Sacramento, uma instigante trama de terror, ambientada no final dos anos 80, no auge da paranóia provocada pela aids. Conta a história de Will Rabjohns, um menino que muda para uma pequena cidade do interior da Inglaterra depois que o seu irmão mais velho morre atropelado. Solitário e carente, ele costuma fazer passeios pelas paisagens desertas da região. Um dia encontra um homem estranho, que mora numa espécie de castelo abandonado. Esse homem, que tem ligações com o sobrenatural, transforma o garoto numa espécie de discípulo, para que no futuro, quando adulto, casado e com filhos, Will possa ajudá-lo a dominar o mundo. Estar casado e com filhos é fundamental para que Will ajude na realização do projeto megalomaníaco do vilão. O que o ser misterioso não contava é que, quando crescesse, Will seria homossexual, e sua orientação sexual viria atrapalhar seus planos diabólicos.

O livro tem todos os clichês dos romances de terror e suspense. Uma criança solitária, a mudança para uma cidadezinha, uma casa abandonada, seres estranhos e acertos de contas com o passado. O diferencial nessa história de elementos clássicos é que o personagem principal, Will Rabjohns, é homossexual e essa característica de sua personalidade provoca uma reviravolta inesperada nos rumos da história.

Quando adulto Will Rabjohns transforma-se num famoso fotógrafo da vida selvagem, especializado em fotografar animais em extinção. Um dia ele é atacado por um urso polar, fica um bom tempo em estado de coma e quando acorda encontra a população gay de São Francisco sendo dizimada por uma doença que ele não cita no livro, mas todos nós sabemos qual é. “Seriam os homossexuais animais em extinção?” Pergunta um personagem a certa altura. Will então responde: “Que nada. Nesse momento dezenas de bebês veados estão nascendo em todo o mundo”. O vilão da história, uma espécie de vampiro que o autor chama de nilótico, tem uma verdadeira obsessão pelo seu discípulo e se sente ameaçado pela sua homossexualidade. Num certo momento, durante um violento duelo entre os dois, quando está perdendo a luta, Will dá um beijo na boca do seu adversário, então ele entra em pânico e foge angustiado resmungando: “a bicha me beijou...”

É tocante a forma como o autor situa a orientação sexual de Will Rabjohns em todo o romance. Sacramento é uma inteligente metáfora sobre a condição homossexual nos últimos anos do século 20, inserida numa apaixonante aventura de terror e suspense. No final do romance, depois de uma batalha cruel com seres sobrenaturais Will tem a alma separada do corpo por alguns momentos. Então sua alma começa a vagar por Castro Street, a famosa rua gay de São Francisco, lotada com toda a variedade de tipos homossexuais, até encontrar a casa de um antigo amante que, cercado de amigos, está morrendo naquele momento. E só esse amante consegue ver a sua alma, antes do suspiro final. É lírico e comovente.


Madonna vem aí...

 

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