30.6.07

O BRASIL FRANCÊS - Foi o professor Roger Chartier, um dos maiores historiadores franceses, quem fez, ao vivo, na livraria Argumento, a apresentação do livro O Brasil Francês, da antropóloga Andréa Daher. Uma pequena multidão se instalou na livraria para ouvir o historiador que, falando um português misturado com espanhol e um carregado sotaque francês, discursou sobre as aventuras dos compatriotas no Brasil colonial. Como seria o Brasil de hoje se nós tivéssemos sido colonizados pelos franceses? Chartier, que tem livros publicados no mundo inteiro é diretor da École des Hautes Études e professor do College de France.

Em O Brasil Francês, Andrea Daher analisa as características da missão francesa no Brasil, que buscava a cristianização e a ocidentalização dos selvagens, a partir de um estudo da colônia do Maranhão. A autora compara os discursos dos capuchinhos franceses com os dos jesuítas portugueses e reflete com sutileza sobre os diferentes olhares desses colonizadores. O livro acompanha também os destinos de seis tupinambás em Paris, onde chegaram levados por padres. Perspicaz, versátil, treinada pela antropologia, pela historiografia e pela literatura, a escrita de Daher extrai relações inesperadas de resíduos de arquivos, modificando o senso comum formado sobre eles.

O livro conta histórias saborosas sobre o encontro dos franceses e os selvagens brasileiros. E também o que ficou desse contato na cultura brasileira. Por exemplo: todos os anos, no dia 25 de Agosto, São Luis, o rei de França que batizou o nome da capital maranhense, encarna-se no corpo das filhas-de-santo, em terreiros do candoblé da cidade. Em 1947 o antropólogo e fotógrafo Pierre Verger teve um encontro com o rei, seiscentos e setenta e dois anos após sua morte, quando o monarca reencarnou no corpo de uma filha de santo da Casa dos Nagôs, lugar onde se praticava o culto dos orixás nagô-iorubás. Quando São Luis, reencarnado na filha-de-santo soube que havia um francês na casa, fez questão de ser apresentado a ele.

Adoro os franceses.






A TRAJETÓRIA DE UMA BICHA MALIGNA - A editora Record está mandando para as livrarias A MALDIÇÃO DE EDGAR. O livro de Marc Dugain é ficção baseada em acontecimentos reais. O Edgar do título é John Edgar Hoover que, por quase 50 anos à frente do FBI, foi uma das pessoas mais poderosas dos Estados Unidos no século XX. Hoover projetou sua sombra sobre oito presidentes e mais de uma dezena de ministros da Justiça, erigindo-se como o defensor máximo da moral. No entanto, ele mantinha uma vida privada em completa contradição com sua imagem pública.

A MALDIÇÃO DE EDGAR foi composto pelos diálogos, resumos de gravações e fichas de informação, revelados sem reserva nas "Memórias atribuídas a Clyde Tolson", o secretário e, sobretudo, amante de Edgar. Dugain colocou em seu romance personalidades com seus verdadeiros nomes. Algumas frases são imaginárias, outras são fiéis à maneira como puderam ser relatadas em livros ou artigos.

Alçado ao mais alto cargo da investigação nacional aos 29 anos, Hoover, de 1924 a 1972, foi participante e testemunha de momentos-chave da história de seu país. Da Grande Depressão à Guerra do Vietnã (época da "caça às bruxas", em que o diretor andou de mãos dadas com o macarthismo), é indelével a presença de Hoover. Em uma fase em que os EUA tornavam-se uma superpotência inconteste, os maiores personagens de sua História curvaram-se diante dele, que se instituía como fiador da moral, mas, na intimidade, era um depravado.

Com estilo pontual e direto, Marc Dugain toma partido e apresenta um período da História americana com a segurança do pesquisador experiente. Com uma narrativa intimista, A MALDIÇÃO DE EDGAR traz à luz os métodos sofisticados e brutais empregados por Hoover em seu combate pela moralidade nos Estados Unidos.


Madonna vem aí...

 

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