25.2.09

A MÍDIA TAMBÉM EXISTE PARA SER MANIPULADA - Paula Oliveira, a suposta vítima brasileira de neonzistas na Suíça, foi destaque no carnaval. Além de assunto sempre presente nas rodas de conversa, a moça também inspirou algumas foliãs sem noção que desfilaram nos blocos da cidade fantasiadas com o corpo com marcas de cortes superficiais, feitos de batom, como os cortes vistos nas fotos da moça.

A edição de carnaval da revista Época também publicou a tal Paula Oliveira na capa, com a seguinte chamada: Por que as pessoas mentem? Eu acho que a manchete da capa deveria ser: Por que jornalistas publicam matérias sem apurar? Muito mais do que a questão da mentira, o que chama atenção nesse caso é como uma notícia grave como essa foi publicada pelo jornal O Globo sem que tenha havido a necessária apuração.

A culpa foi do jornalista Ricardo Noblat. Foi ele quem primeiro publicou a noticia no seu blog. Em seguida o jornal O Globo deu a notícia como fato, certamente confiando no prestígio jornalístico do Noblat. Depois, o que se viu foi um show de amadorismo jornalístico, que quase provoca um crise política entre o Brasil e a Suíça.

Eu sempre achei exagerado o prestígio do Ricardo Noblat, que até já publicou um livro com o presunçoso título O que é o jornalismo?. Depois do caso da Paula Oliveira eu fico imaginando quantas e quantas matérias do Noblat foram publicadas de forma leviana, sem a devida apuração. Talvez na próxima edição do seu livro, Noblat possa acrescentar um capítulo especial sobre o caso Paulo Oliveira.

Nesse episódio da notícia publicada de forma leviana, eu sinto falta da imprensa estar fazendo o devido mea culpa. Afinal, o caso merece ser estudado pelas escolas de jornalismo, como exemplo de como não se deve exercer a profissão de jornalista. Tudo bem. Não quero ficar atirando a primeira pedra. Todos nós estamos sujeitos a esse tipo de erro. A obsessão pelo furo é uma neurose que persegue jornalistas de todos os matizes. E é a razão de muitos equívocos da profissão.

Na última edição do Manhattan Connection o Diogo Mainardi criticou o Presidente Lula por ele ter se pronunciado sobre o caso de forma muito incisiva contra a Suíça. O Diogo é o melhor crítico do Lula, mas nesse caso acho que o Presidente foi induzido ao erro pela imprensa. Não só o Presidente, como também os leitores, a opinião pública. Agora essa mesma imprensa crítica Lula, sem antes fazer uma necessária autocrítica. Penso que a imprensa se considera acima do bem e do mal.

O Manhattan Connection deveria ter discutido o caso da Paula Oliveira com mais profundidade. Afinal, o programa tem entre seus apresentadores o célebre Pedro Andrade, que já fez a mesma coisa que a Paula Oliveira. Foi algo quase do mesmo nível. Manipulou a mídia com informações falsas a seu respeito. O caso Pedro Andrade deveria ser discutido pelos rapazes do Manhatan Connection, dada sua semelhança com o caso da jovem pernambucana radicada na Suiça.

A história foi assim. Disposto a se tornar famoso quando foi morar em Nova York em 2002, Pedro Andrade espalhou pela cidade que havia feito um teste para atuar num filme do cineasta David Lynch. O boato foi tão forte que Sonia Bridi a então correspondente da Rede Globo em Nova York entrevistou o rapaz no Central Park. Na reportagem exibida no Jornal da Globo, a chamada afirmava que “modelo brasileiro vai fazer filme com David Lynch”. Na ocasião Pedro contou como ia ser o personagem, como havia sido o teste. Tudo mentira do cínico e ambicioso Pedro, um arrivista disposto a se dar bem de qualquer maneira. Curiosamente, a jornalista esqueceu de apurar se era verdade o que o modelo estava dizendo. Sonia Bridi esqueceu de checar com o diretor, ou ao agente dele, as afirmações do esperto Pedro.

Depois que a notícia foi destaque no Jornal da Globo o jovem modelo se tornou uma celebridade instantânea aqui no Brasil. Até que o jornal Folha de São Paulo se deu ao trabalho de ligar para David Lynch para saber o porquê de um brasileiro no elenco de seu filme. O diretor disse que nunca havia feito teste com nenhum brasileiro, que era tudo mentira.
Leia aqui a matéria da Folha

A mídia também existe para se manipulada.

Outro caso famoso de gente que conseguiu manipular a mídia foi o da “atriz” Ísis de Oliveira, irmã da Luma. Essa daí espalhou através de várias colunas de jornais que estava namorando o ator George Clooney. Lembram disso? A notícia (?) saiu em tudo quanto é coluna de celebridades publicada no Brasil. O noticiário acabou chegando aos ouvidos do agente do ator, que mandou dizer aos jornalistas brasileiros que Clooney não conhecia nenhuma Ísis de Oliveira. Tem gente que faz qualquer coisa para se promover. São aquilo que a colunista Hildegard Angel chama de LPM, Loucos Pela Mída.

Madonna vem aí...

 

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