9.4.10

MORA NA FILOSOFIA


Dizem que uma injustiça é, por natureza um bem, e sofrê-la, um mal, mas que ser vítima de injustiça é um mal maior do que o bem que há em cometê-la. De maneira que, quando as pessoas praticam ou sofrem injustiças uma das outras, e provam de ambas, lhes parece vantajoso, quando não podem evitar uma coisa ou alcançar a outra, chegar a um acordo mútuo, para não cometerem injustiças nem serem vítimas delas. Daí se originou o estabelecimento de leis e convenções entre elas e a designação de legal e justo para as prescrições da lei. Tal seria a gênese e essência da justiça que se situa a meio caminho entre o maior bem – não pagar a pena das injustiças – e o maior mal – ser incapaz de se vingar de uma injustiça. Estando a justiça colocada entre estes dois extremos, deve, não preitear-se como um bem, mas honrar-se devido à impossibilidade de praticar a injustiça.

(Trecho do livro A República, de Platão)


Uma discussão densa sobre o que é realmente a justiça e seu real significado no relacionamento entre os homens e a estrutura social em que vivem. Esse tem sido o tema das mais divertidas aulas de Filosofia do IFCS. A base de toda a discussão é o livro A República, de Platão, que trata o assunto com profundidade e vigor. Na República o filósofo Sócrates tem uma longa conversa com os irmãos de Platão, Adimanto e Glaucon, sobre o que é realmente justiça e injustiça. É uma conversa permeada de argumentos inteligentes e observações pertinentes sobre a alma humana e o jogo social a que o homem está submetido. Mas, no meio de toda aquela “profundidade” os gregos sempre encontram um espaço para destilar um veneno, fazer um gracejo ou simplesmente “dar uma pinta”. Por exemplo, no meio de uma discussão sobre as vantagens de ser justo ou injusto, Sócrates faz uma referência ao amante de Glaucon. É uma referência superficial, quase casual. Mas depois de ler esse trecho eu fiquei curiosíssimo para saber quem é o tal amante de Glaucon.


Adoro ser fútil! Sendo assim, por um lado leio A República, a obra-prima de Platão, com o interesse de um devotado filósofo. Mas, por outro lado, eu devoro o livro com a voracidade fútil de um leitor da revista Caras. Fico todo o tempo interessado em saber quem andou comendo quem na Grécia antiga. Sócrates, por exemplo, teve um caso com o bravo guerreiro Alcebíades, como bem nos conta Platão no seu livro O Banquete. Desconfio inclusive que Platão foi apaixonado por Sócrates, que foi seu mestre na juventude. Quando Sócrates foi condenado à morte (Os trinta tiranos condenaram a biba a tomar cicuta!) Platão tinha algo em torno de vinte anos e a morte do mestre o deixou tão traumatizado que ele foi vagar pelo mundo e só começou a escrever seus textos depois dos quarenta anos, sempre usando o falecido mestre como seu principal personagem. No seu livro Teeteto Platão, com a desculpa de refletir sobre o que é a ciência, o conhecimento, narra um jogo de sedução entre Sócrates e o jovem adolescente chamado Teeteto. Mergulhado nas tramas ardilosas da filosofia grega eu, um humilde aprendiz de filósofo do IFCS, me pergunto: seria Teeteto um livro autobiográfico? Estaria Platão nos revelando o seu caso com Sócrates ao escrever seu brilhante tratado sobre o que é o conhecimento?


Acho que Rick Martin teria sido muito feliz se vivesse na Grécia antiga. Com aquele corpinho e com o seu talento para a música e a dança ele teria feito muito sucesso entre os filósofos gregos. Rick nunca ia precisar revelar no seu blog que era homossexual. Para os gregos isso era algo absolutamente natural. Além disso, os gregos sabiam cultuar o corpo e valorizavam a prática da ginástica. Mas tinham consciência que o corpo era apenas a prisão da alma e que essa, a alma, também precisava ser exercitada através da música, da cultura, do saber e do conhecimento.

Eu vou lhe dar a decisão
botei na balança e você não pesou
botei na peneira e você não passou
mora na filosofia
pra que rimar amor e dor
se seu corpo ficasse marcado
por lábios ou mão carinhosas
eu saberia, ora vai mulher...
à quantos você pertencia
não vou me preocupar em ver
teu caso não é de ver pra crer
tá na cara

RADIO PLATÃO - Segundo os gregos a música é um elemento básico para o desenvolvimento espiritual. A alma precisa da música a fim de preparar o seu caminho para a eternidade. Para Platão a ginástica, o exercício físico é essencial, para o desenvolvimento humano. Para contrabalançar com as atividades físicas ele recomenda a música que aperfeiçoa o espírito, cria um requinte de sentimento, molda o caráter e também restaura a saúde. Por isso este blog foi no You Tube e fez uma seleção de cinco canções para este fim de semana:

Caetano Veloso cantando Mora na Filosofia, a canção de Monsueto e Arnaldo Passos:
http://www.youtube.com/watch?v=0x2mpUQTCqw

Maurizio Graf cantando a música maravilhosa que Ennio Morricone compôs para o filme Uma Pistola para Ringo:

Caetano Veloso canta It´s a long way, uma música que é puro alento:

Herb Alpert cantando uma das mais belas canções de Burt Bacharach:

O irresistível Rick Martin dando pinta num dos seus maiores sucessos:

Nenhum comentário:

Madonna vem aí...

 

Postagens mais vistas