26.1.11

Há muitas noites na noite.




Meu pai


Meu pai
meu pai foi
ao Rio se tratar de
um câncer (que
o mataria) mas
perdeu os óculos
na viagem


quando lhe levei
os óculos novos
comprados na Ótica
Fluminense ele
examinou o estojo com
o nome da loja dobrou
a nota de compra guardou-a
no bolso e falou:
quero ver
agora qual é o
sacana que vai dizer
que eu nunca estive
no Rio de Janeiro


(Poemas de Ferreira Gullar)




Ainda vai ficar em cartaz até o dia 30 de Janeiro, no Oi Futuro de Ipanema, a videoinstalação do cineasta Silvio Tendler sobre o poeta Ferreira Gullar. São projeções de artistas recitando poemas e cenas do documentário que está sendo feito sobre a trajetória do poeta. É um evento simpático e curioso. As projeções são feitas em cima de uma mesa de botequim. Maria Bethânia, Natália Timberg, Camila Pitanga, Helena Ranaldi, entre outros, tem suas imagens projetadas sobre a mesa enquanto recitam a poesia contundente de Gullar. É muito divertido.

Tomando um café no bar do centro cultural Silvio Tendler me contou que está muito animado com esse projeto. A exposição é apenas parte do processo de filmagem do documentário, que inclui imagens raras do poeta, cenas do Maranhão, seu estado natal e depoimentos de pessoas que conviveram com ele. Também serão incluídas sequências filmadas durante a exposição no Oi Futuro. Junto com Silvio estava o músico Vitor Biglione, que tinha ido acertar com o diretor detalhes sobre a trilha sonora que vai criar para o filme Há muitas noites na noite. Temas musicais inspirados no tango argentino, como sugeriu Silvio. Biglione estava acompanhado da mulher, Elizabeth, apresentadora da Rede Record do Rio Grande do Norte. Eles tinham casado havia poucos dias e tinham interrompido a lua de mel apenas para encontrar o cineasta.

Cantiga para não morrer

Quando você for se embora,
moça branca como a neve,
me leve.

Se acaso você não possa
me carregar pela mão,
menina branca de neve,
me leve no coração.

Se no coração não possa
por acaso me levar,
moça de sonho e de neve,
me leve no seu lembrar.

E se aí também não possa
por tanta coisa que leve
já viva em seu pensamento,
menina branca de neve,
me leve no esquecimento.

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