7.1.11

A Banda Brasil, com a vocalista Priscilla, agitando o carnaval do bloco Me Esquece.



Mensagem na camiseta do bloco: Homens pelo fim da violência contra a mulher.


Sérgio Major tem os olhos cor de ardósia, mas não é filho do Chico Buarque.


O sorriso cativante da rainha da bateria do bloco Me Esquece.


Fernando Lourenço Sérgio é o mentor intelectual do carnaval mais animado da zona sul.


As foliãs só querem se esbaldar ao som da Banda Brasil.


Do Leblon até a favela Dona Marta: O melhor carnaval do Rio.


Os foliões de Ipanema se esbaldando no carnaval do bloco Me Esquece.


Fernando Lourenço Sérgio e Sérgio Major: dupla de garanhões do carnaval carioca.


A quadra da Mocidade Unida do Santa Marta ferve com os ensaios do bloco Me Esquece.


"O bar nosso de cada dia" é o samba-enredo que vai agitar o Carnaval 2011.


É festa, é folia, é samba, é calor, é carnaval!





SAMBA, SUOR E CERVEJA - O bloco carnavalesco Me Esquece é quem está dando o tom bronzeado do verão carioca de 2011. Será um verão longo, já que o carnaval acontece apenas em Março. Mas, até lá, o ziriguidum dos cariocas antenados está garantido. Os ensaios do Me Esquece estão fazendo a festa da pacificada favela Dona Marta, em Botafogo. É que o bloco favorito da juventude dourada da zona sul fez um convênio, uma joint venture com a escola de samba da favela, que desfila no terceiro grupo. O negócio é o seguinte: a escola cede a quadra para os ensaios do bloco no verão e, em troca, os garotões da zona sul trabalham na infra-estrutura da escola durante o desfile no Carnaval. O fato é que, no carnaval de 2010, o convênio já deu super certo. E está se repetindo no verão de 2011.


Ziriguindum!


A cada quinze dias o Me Esquece agita a “comunidade” de Botafogo. (Desculpem, leitores, mas eu detesto a palavra comunidade. Então vou começar o texto novamente). A cada quinze dias o Me Esquece agita a favela de Botafogo. Ao contrário dos ensaios das grandes escolas que começam onze horas da noite e varam a madrugada, o ensaio do Me Esquece começa às quatro da tarde e acaba meia noite. A galera vaid direto da praia para o samba. E logo cedo a quadra da escola fica lotada. Então a mocidade bonita que não consegue entrar se espalha pelas ladeiras do morro e fica bebendo cerveja, azarando e promovendo batuques nas barracas que os moradores da região improvisam em frente de suas casas para faturar algum. Assim o carnaval que tem como epicentro a quadra da escola se espalha pelos becos, ladeiras e escadarias da Dona Marta.


Ziriguindum!


Nunca esqueci o primeiro desfile do Me Esquece. Um dos organizadores do bloco, Fernando Lourenço Sérgio, me convidou para uma feijoada de lançamento do bloco. Eu fui apenas por que ele era namorado de uma amiga muito querida, Andréa Lago, neta do compositor Mario Lago, autor de Amélia, um clássico da MPB. Chegando lá eu achei curioso, pois os organizadores do bloco eram uns rapazes super bem comportados. Eu poderia dizer até que eles eram caretas, mas depois descobri que essa palavra não é adequada para definí-los. Eles são loucos por samba, carnaval e futebol. E por isso resolveram fundar o seu próprio bloco carnavalesco que, originalmente, se chamava Me Esquece Que é Sexta. O nome do bloco seria um recado para suas namoradas, a quem eles pediam alforria nas sextas-feiras para poder caírem na gandaia. O primeiro desfile foi na Lagoa Rodrigo de Freitas e reuniu apenas a galera que vai à praia em frente a Rua Vinícius de Moraes. Mas, o sincero espírito carnavalesco de seus organizadores fez com que o bloco crescesse a cada ano e perdesse parte do nome. Agora o desfile do bloco é no Leblon, tem uma organização super profissional, uma bateria nota dez, uma banda sensacional que toca sucessos de carnavais passados e o som do DJ Markus Kabul para agitar corações e mentes dos foliões. Atrás do bloco uma multidão com as pessoas mais bonitas da zona sul.


Ziriguindum


Eu conheci a favela Dona Marta graças aos ensaios do Me Esquece. Até então não conhecia aquela região do bairro de Botafogo. E quando cheguei lá, pela primeira vez, fiquei encantado com o alto astral que se espalhava por todos os lugares. As ladeiras tomadas pelos belos e belas da zona sul. Os moradores da área super simpáticos, buscando oferecer o melhor para os visitantes. A policia pacificadora convivendo em harmonia com os foliões. E um agradável clima de carnaval da Bahia naquele cenário multicolorido. Todas as casas da favela foram pintadas com cores vibrantes e a gente tem a sensação de estar dentro de uma pintura naif sobre os morros cariocas.


Ziriguindum!


Quando cheguei na quadra da Mocidade Unida do Santa Marta o samba do Me Esquece ecoava por todos os lugares. “A lotação está esgotada, não temos mais ingressos”, me disse a simpática moça da bilheteria quando fui comprar meu tíquete. Claro que eu podia usar meus contatos e conexões para entrar imediatamente, mas ali fora estava tão divertido e agradável que preferi ficar um pouco no meio da rua. Comprei uma cerveja geladíssima na barbearia em frente a quadra e fiquei vendo o movimento em ritmo de carnaval. Dois PMs bonitões circulavam por ali, falando com todo mundo, como se fossem mestres de cerimônias, ou MC´s, como gostam de dizer os moradores do pedaço. Grupos de lindas meninas bronzeadas da zona sul se divertiam à vontade, se sentido seguras e protegidas. Aquele lugar parecia o retrato de um Brasil ideal pintado por um artista naif. Um luxo!


Cerveja, cerveja, cerveja...


A um rapaz que estava parado perto de uma escadaria eu perguntei onde ficava a estátua do Michael Jackson. “Eu sou guia da favela. Se quiser, eu levo o senhor até lá”, me disse o moreno sestroso, com seus incríveis olhos cor de mel. Respirei fundo e tomei um copo de cerveja num gole só. “Okay, quero que você me mostre a estátua do Michael Jackson”, respondi. E saí atrás dele, por entre becos, escadarias e ladeiras, enquanto o moço contava histórias divertidas sobre o lugar e seus habitantes. O passeio fez com que eu me sentisse numa espécie de Disneylândia do Rio de Janeiro. “A Madonna também já esteve aqui mesmo onde a gente está passando”, disse ele, me fazendo se sentir especial por estar pisando no mesmo lugar que já havia sido pisado pela grande dama do pop.


Cerveja, cerveja, cerveja...


Eu já estava super animado quando decidi cair no samba e resolvi entrar na quadra. “O Fernando Lourenço está aí? Sou convidado dele”, disse eu a moça da bilheteria. Imediatamente ela sacou um celular, trocou duas palavras e fez um sinal para que eu aguardasse. Não deu tempo nem de beber um copo de cerveja. Fernando Lourenço surgiu glorioso na entrada da quadra e quando ele abriu os braços eu tive certeza que estava diante de um rei do carnaval. Aquele rapaz tímido que tinha fundado um singelo bloco em Ipanema estava dando um novo colorido ao carnaval da cidade. E senti que havia algo de revolucionário no modo como ele e seus amigos, rapazes da zona sul, se aproximaram do samba autêntico executado pelos nativos da favela.


Ziriguidum!


Dentro da quadra a vida era só alegria. Primeiro uma roda de samba. Depois a bateria do bloco tocando junto com a bateria da Mocidade Unida. E no final a Banda Brasil agitando ainda mais a folia, misturando MPB, com frevo, samba e música baiana. O mais bacana é que todos são músicos de qualidade e oferecem o que há de melhor para o público. Boa música, animação, bebida, farra e consciência social. A renda da festa organizada pelos meninos ricos vai para as obras sociais da região. Além disso, o evento é reforçado por uma campanha contra o machismo. A camisa do bloco tem estampada nas costas uma frase singela: Homens pelo fim da violência contra a mulher.


Evoé!


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