13.6.11

Bombeiros em chamas


BOMBEIROS EM CHAMAS

BANDEIRA VERMELHA - O desfile dos bombeiros do Rio de Janeiro na Avenida Atlântica foi melhor do qualquer parada gay. Alegre, festivo, másculo e alto astral. No meio daquela multidão de soldados eu me sentia como uma criança na Disneylandia diante do Mickey, do Pateta e do Pato Donald. Via tudo com olhos de encantamento. Eu já venho acompanhando o movimento dos bombeiros desde a primeira passeata. Na verdade, já acompanho o movimento dos bombeiros desde que me entendo por gente. Mas agora, durante essa campanha por melhores condições de trabalho, pude acompanhar como jornalista, mas também como cidadão solidário com a Instituição. Com esse espírito, participei ativamente (gostaria de dizer que participei passivamente) de todas as manifestações. Fui as passeatas, participei da manifestação em frente a Assembléia Legislativa, estive na manifestação em frente ao Quartel Central, almocei com os soldados a refeição feita na cozinha improvisada em frente a Alerj (num dia, um inesquecível talharim a bolonhesa; noutro dia, carne moída guisada com arroz e batata; noutro dia sopa de carne com legumes, sem falar nos sanduiches de mortadela... ), gritei palavras de ordem tipo "Cabral, você me paga mal", etc. 

No domingo, durante a parada em Copacabana, fui fazer uma foto do cabo Benvenuto Dalciolo, um dos líderes do movimento. E quando apontei minha câmera, ele veio em minha direção, pegou a câmera da minha mão, entregou para um amigo que estava ao lado dele e me disse: Eu não quero que você faça uma foto minha. Sou eu que quero fazer uma foto ao seu lado. Dito isso, ele me deu um abraço bem apertado, daqueles que só os homens verdadeiramente másculos sabem dar, enquanto seu amigo fazia a foto. Fiquei todo arrepiado. É uma pena que o governo do estado não tenha sido habilidoso e carinhoso na hora de lidar com as reivindicações dos bombeiros. O fato é que eles são militares e o governador  Sérgio Cabral detesta os militares. Não importa se são do Exército, da Marinha, da Aeronáutica ou do Corpo de Bombeiros. A palavra "militar" causa pesadelos e urticária no Governador. O pai dele foi preso pelos militares na época da ditadura. A família sofreu muito com isso. Ele viu a mãe chorando por causa da prisão do pai. Viu o pai atrás das grades, pois ele ia visitá-lo na cadeia. O menino Cabralzinho ficou traumatizado com tudo isso e desenvolveu um enorme desprezo pelos militares. Todo ano ele vai na Parada Gay, mas nunca foi na Parada de 7 de Setembro. Se tivesse consciencia do cargo que ocupa, ele teria que, obrigatoriamente, participar do desfile militar em comemoração a Independência do Brasil onde, todos os anos, o Corpo de Bombeiros é ovacionado pelo público. Mas seus traumas de infância não permitem sua presença no desfile. 

Sergio Cabral se sente vingado esnobando os militares. "Viram o que vocês fizeram com meus pais? Agora estou me lixando pra vocês..." Acorda, Alice! Diria eu se fosse assessor do Sérgio Cabral. Os militares dos dias de hoje não tem culpa do que aconteceu no passado. E os militares do passado só assumiram o governo porque a sociedade brasileira assim o quis. Nessa história todo mundo é culpado. Ninguém quer assumir isso. Agem como se os militares tivessem tomado o poder à força. Não foi bem assim. Houve um governo militar por que a sociedade brasileira praticamente exigiu, paranóica de que os comunistas tomassem conta do Brasil. Da mesma forma que, no momento em que a sociedade brasileira começou a sinalizar que não queria mais um governo militar, eles deram início a abertura política que culminou com a democracia. Simples assim, como diria aquele anúncio. 


Cabral você me paga mal!

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