28.6.12










QUEM TEM MEDO DE BÁRBARA HELIODORA? – A poderosa crítica teatral do jornal O Globo não poderia passar despercebida nos festejos de reinauguração do Teatro Ipanema, o evento cultural do ano. Em três dias, os festejos em torno do Teatro Ipanema proporcionaram momentos de grande prazer para os fãs da arte de representar. E um desses momentos foi a performance de Zé Celso Martinez Corrêa. Ele tentou recriar um trecho de Artaud, peça encenada pelo saudoso Rubens Correa que, com seus parceiros Ivan de Albuquerque e Leila Ribeiro, fundaram o teatro.

Em meio ao texto surrealista de Artaud, Zé Celso improvisava fazendo pequenos discursos contra a hipocrisia, o conservadorismo, o pensamento de direita, ao mesmo tempo em que celebrava a anarquia e a liberdade política e sexual. Num dado momento o ator/encenador desceu para a platéia e ficou circulando entre o público. Festejou os grandes nomes do teatro brasileiro, lembrou que ali era um verdadeiro templo da arte brasileira. Elogiou a Prefeitura por ter comprado o teatro antes que alguma seita religiosa o fizesse.

Na platéia, sentada ao lado do Secretário Municipal de Cultura, Emílio Kalil, Bárbara Heliodora a tudo assistia, com cara de poucos amigos. Ela tinha adorado o monólogo de Maria Padilha, texto da peça Quero, de Manuel Puig. E  também a participação de Xuxa Lopes, que mostrou lindamente um trecho da peça Prometeu Acorrentado. Depois ainda teve Paulo José, Cláudio Tovar e José de Abreu lendo trechos de O Beijo da Mulher Aranha, grande sucesso ali encenado. Qualquer um podia ver a alegria e o prazer estampados no semblante de Madame Heliodora.

Quando Zé Celso entrou em cena, ela fechou a cara. Não escondeu de ninguém o seu desconforto com a performance do criador do Teatro Oficina. Num dado momento, Martinez Correia fumou um cigarro de maconha em pleno palco. Disse que aquele era um ato de transgressão para batizar o teatro. Depois de vários tragos, ele passou o baseado para a platéia.

“Alguém devia matar esse velho!”, resmungou Bárbara Heliodora para Emílio Kalil, irritada com a performance do ator. O secretário municipal de cultura ficou lívido. Depois, quando estava circulando pela platéia, Zé Celso lembrou de seu irmão, o saudoso Luiz Antônio Martinez Correia. Diante de Madame Heliodora ele gritou: “A crítica arrasou a peça do meu irmão O Casamento do Pequeno Burguês, de Bertold Brecht. Isso é inadmissível”.

Bárbara Heliodora não se dignou a olhar para ele. Olhava para o vazio, como se estivesse em outro lugar do planeta. Depois, quando Zé Celso voltou para o palco, ela virou-se para Emílio Kalil e, se referindo ao encenador, murmurou entredentes: “Eu devia abatê-lo a tiros...”

É por essas e por outras que eu a-d-o-r-o Bárbara Heliodora...

Baseado meu amor...

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