16.2.17




CALÚNIA E DIFAMAÇÃO - Quase sempre quando um jornalista é acusado de ter praticado calúnia e difamação é porque ele falou alguma verdade sobre alguém. A verdade dói. Incomoda. Faz  com que as pessoas se sintam nuas. Daí elas entram em pânico e apelam para o duvidoso critério de calúnia e difamação. O bom dessa questão é que a verdade sempre aparece.  Como já disse o filósofo Francis Bacon "a verdade é filha do tempo, não da autoridade".

O jornalista Paulo Francis é um exemplo perfeito para falar desse tema. Em 1997, auge do governo Fernando Henrique Cardoso,  ele declarou no seu programa Manhattan Connection que havia muita corrupção na Petrobrás. E que os dirigentes da Petrobrás desviavam dinheiro da empresa para caixa dois de grupos políticos e contas secretas na Suiça. O então presidente da empresa, Joel Rennó, processou Paulo Francis alegando calúnia e difamação. Criou o maior caso. E usou dinheiro da Petrobrás para acionar judicialmente o jornalista em Nova York, com a intenção de acabar com ele. O tempo passou, Paulo Francis morreu e ficou por isso mesmo.

Anos depois, durante o governo Lula, estourou o escândalo do Petrolão. Surgiram provas e evidências incontestáveis que havia corrupção na Petrobrás. E que o dinheiro da empresa estava sendo desviado para caixa dois e contas de diretores, na Suiça. Ou seja, foi comprovada como verdadeira a denúncia jornalística de Paulo Francis. Inclusive ficou provado que o Joel Rennó, o presidente da Petrobrás que processou Paulo Francis, estava envolvido na corrupção da empresa, ou por negligência ou por conivência.

Ou seja, o autor do processo era apenas um cara de pau com um cargo público conseguido por vias tortuosas, e que estava ali na empresa estatal, não para trabalhar para o país. Se fosse um bom profissional teria averiguado as denúncias do jornalista e feito uma auditoria da empresa. Simples assim. Infelizmente o Brasil está cheio de "aventureiros" exercendo cargos nas estatais. Verdadeiros gigolôs do dinheiro público, que fazem qualquer negócio para arrumar uma boquinha numa estatal. Basta ler o noticiário que diariamente aparece algum.

O mais incrível nesse caso é que quando Paulo Francis fez a denúncia, o Fernando Henrique Cardoso fez ouvidos moucos e sequer mandou fazer uma auditoria na empresa para saber se as denúncias eram verdadeiras. FHC poderia ter estancado a sangria na Petrobrás muito antes. Mas, no melhor estilo Pôncio Pilatos, ele lavou as mãos e permitiu que, durante anos e anos, a estatal brasileira fosse saqueada de forma impiedosa. Será que alguém ainda tem coragem de afirmar que FHC foi um grande estadista? 

No dia 5 de Fevereiro passado foi aniversário da morte de Paulo Francis. Onde esteja, ele deve estar dando gargalhadas por ver que o seu faro jornalístico venceu a mediocridade da política brasileira. Que Deus o tenha.

Ri melhor, quem ri por último!

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