3.10.04

CINEMA É A MAIOR DIVERSÃO – O melhor do Festival de Cinema do Rio é a mostra retrospectiva do cineasta italiano Sergio Leone. Uma oportunidade de ouro de assistir na tela grande a magia de alguns clássicos do cinema. Os fãs do diretor têm lotado as sessões e assistido aos filmes com reverência e adoração. É compreensível. Por uns dólares a mais e Houve uma vez no oeste deixa o público boquiaberto com sua perfeita tradução da arte de fazer cinema. Diante dos filmes do mestre Sergio Leone, Tarantino, Almodóvar e Zhang Yamou são apenas aprendizes talentosos. Existe uma perfeita compreensão da função do roteiro e uma certeza muito grande dos objetivos do diretor. É incrível que filmes feitos há mais de trinta anos se mantenham com tanto frescor. Com tanta modernidade. E tanta elegância cinematográfica.

Falar de Sergio Leone é falar de seu velho companheiro Ennio Morricone. Assistindo em série aos clássicos do western-spaghetti, pode-se afirmar que houve um casamento perfeito entre o diretor e o brilhante maestro que criou as trilhas musicais para seus filmes. Morricone criou temas de acordes requintados. Músicas que foram usadas com muita sabedoria pelo diretor e que têm uma função bem definida no filme. Muito mais do que sublinhar climas, a música no cinema de Sergio Leone também conta a história.

Quando explode a vingança é de 1974, época em que as ditaduras imperavam no mundo e a palavra “revolução” era pronunciada com temor. Pois o filme tem uma história impressionante. Toda a estrutura é a de um faroeste. Dois aventureiros se juntam com o objetivo de praticar um grande assalto a um banco, no momento histórico em que está acontecendo a revolução mexicana. Eles acabam se envolvendo com o movimento revolucionário e o que deveria ser apenas um filme de bang bang acaba se transformando num dos mais instigantes filmes políticos jamais realizado. Uma crítica e uma ode aos heróis revolucionários, ao povo e a burguesia, aos traídos e traidores, torturados e torturadores.

James Coburn está sensacional como um refugiado irlandês, especializado em explosões com dinamite, que se vê no meio da revolução mexicana, trabalhando para os revolucionários e para um assaltante de diligências. Um homem com um passado nebuloso onde há uma guerra sangrenta, um amigo que o delatou e uma mulher que eles compartilham. E é esse passado nebuloso que o faz mergulhar cada vez mais numa revolução que não lhe diz respeito. E cada vez que esse passado vem à tona, o filme nos mostra cenas belíssimas, sublinhadas com a música dilacerante de Morricone. Tudo narrado como uma ópera, trágica como a vida, mas de uma beleza retumbante.


O FAROESTE DE SERGIO LEONE:

1 - Por um punhado de dólares
2 - Por uns dólares a mais
3 - O bom, o mau e o feio
4 - Era uma vez no oeste
5 - Quando explode a vingança


Madonna vem aí...

 

Postagens mais vistas