2.2.07

O CARIOCA – O melhor de assistir ao show do Chico Buarque foi saber que aquele grande artista brasileiro que destilava seu talento no palco do Canecão não tinha votado no Lula. No dia da eleição que decidiu o novo presidente do Brasil o belo Chico estava em Portugal. E, certamente, isso não foi por acaso. Como também não foi por acaso que, nesse mesmo dia da eleição, ele apareceu na coluna do Ancelmo Góes vestindo a camisa da seleção brasileira, numa magnífica foto do Mario Canivello. Foi como se ele estivesse dizendo aos seus admiradores: Eu torço mesmo é pelo Brasil.

Assistindo ao show do Canecão, enquanto o artista cantava Mambembe, uma de minhas músicas favoritas do seu repertório, eu percebi que Chico Buarque é uma personalidade brasileira que nunca me decepcionou. Ele sempre faz a coisa certa. Sempre tem a atitude correta de forma discreta e elegante. E a consciência disso me deixou emocionado e orgulhoso.

No palco, na praça, no circo, num banco de jardim
Correndo no escuro, pichado no muro
Você vai saber de mim
Mambembe, cigano
Debaixo da ponte
Cantando
Por baixo da terra
Cantando
Na boca do povo
Cantando


Adoro Mambembe, uma música da trilha sonora do filme Quando o carnaval chegar, que faz parte do repertório do show. Quando era menino eu ouvia muito esse disco, que tem também Maria Bethânia cantando Baioque. (Preciso comprar esse CD). Mambembe é uma música que traduz com perfeição, tanto na letra como na melodia, a melancolia que existe em todo grande folião. Paralela aquela alegria efervescente que ocorre no carnaval existe uma tristeza muito grande nas pessoas que pulam atrás do trio elétrico, sambam nas escolas ou saem fantasiadas pelas ruas da cidade. Junto com aquela alegria fica escondida uma tristeza, uma melancolia, um sentimento existencialista. E Chico traduziu com perfeição esse oculto sentimento carnavalesco na música Mambembe. Quero assistir ao show mais uma vez só para vê-lo/ouvi-lo cantando essa canção.

Mendigo, malandro, muleque, mulambo bem ou mal
Cantando
Escravo fugido, um louco varrido
Vou fazer meu festival
Mambembe, cigano
Debaixo da ponte
Cantando
Por baixo da terra
Cantando
Na boca do povo
Cantando
Poeta, palhaço, pirata, corisco, feirante judeu
Cantando


O show é comovente por tudo o que o envolve. Um músico com um patrimônio artístico inestimável. E uma forte relação entre o artista e seu público. A platéia reverencia Chico Buarque não apenas como um artista, um cantor. A platéia de Chico o reverencia como alguém em quem se pode confiar. E essa relação de confiança existente entre o astro e seu público transforma o show num evento com uma energia muito especial. É quase como um ritual religioso.

O que dizer do repertório? A vasta obra do cantor e compositor permite as mais diversas combinações de grandes sucessos da música brasileira. Ele não canta Construção, nem Januária, nem Essa moça ta diferente, nem Com açúcar e com afeto. Mas canta Bye Bye Brasil, Futuros amantes, Subúrbio e As vitrines. Show!

Dormindo na estrada, no nada, no nada
E esse mundo é todo meu
Mambembe, cigano
Debaixo da ponte
Cantando
Por baixo da terra
Cantando
Na boca do povo
Cantando







A VIDA É BELA – Caminhando pela praia de Ipanema escuto uma voz gritando o meu nome. Quando me viro vejo o sorriso angelical do querido Dado Dolabella. Você precisa usar óculos, cara. Tô fazendo sinal um tempão e você não me vê, disse ele afetuoso ao mesmo tempo em que me recebia efusivamente. Explico que estava distraído admirando a beleza do mar. Na praia com Dado estava um grupo bem bacana: a namorada Luana e os amigos Lui Mendes, Marco Antônio Gimenez, Bebel Lobo e mais um casal que eu não conhecia.

Era um dia lindo de verão. Um desses dias mágicos em que tudo dá certo. A praia encantadora. A água cristalina. O céu azul. Pessoas lindas e educadas à nossa volta. Um bom papo. Todo mundo bebendo cerveja num astral saudável e feliz. Seria muito bom se a vida fosse sempre assim. O universo parecia nos dizer que tudo estava no lugar certo.

Lui Mendes é uma grande figura. Quando vai à praia ele leva um aparelho que reúne duas pequenas caixas acústicas que amplificam o som do I-pod. Então havia música para nós. No amplificador de Lui estava acoplado o I-pod do Dado Dolabella. O que tocava no I-pod do Dado? Let´s stay together e Sexual Healing, com Marvin Gaye; Taj Mahal e País Tropical, com Jorge Benjor; Canto de Ossanha, com Daúde; La vacaloca e Merry Blues com Manu Chao e mais um monte de música brasileira. Eu só gosto de música de verdade. Nada desse tum-tum-tum de música eletrônica, dizia ele ao aumentar o volume do som sempre que tocava uma música que considerava especial. Quando tocou Doralice, com João Donato, ele se levantou e ficou dançando na praia enquanto cantarolava a música junto com o cantor. Essa é uma das minhas músicas favoritas. Adoro João Donato, dizia o galã fazendo uma coreografia sensual. Eu agora conheço duas pessoas que são fãs incondicionais de João Donato: Dado Dolabella e dona Cecília Motta, a mãe do Nelson Motta.








Amoroso, Dado se debruçava em carinhos com a namorada. Depois de cobri-la de beijinhos e carinhos sem fim ele virou-se para a galera e disse: Eu namoro o garoto mais bonito dessa cidade. Quando todos se surpreenderam ele completou: O pequeno príncipe..., numa referência ao personagem que Luana Piovani faz na peça infantil adaptada do livro de Saint-Exupéry.

Lui, Dado e Marco Antônio haviam passado o reveillon em Florianópolis e ficaram conversando sobre a temporada de sol, festas e agitos em Jurerê, a praia favorita das celebridades que vão a Floripa. Marco Antônio, com seu corpo malhado e ares de galã intelectual, é filho do saudoso Jece Valadão. Eu me apaixonei várias vezes em Jurerê, me disse ele com um sorriso malicioso nos lábios.

Dado e Luana vão sempre à praia com esse grupo de amigos e ali eles fazem a linha popular. Conhecem todos os barraqueiros e ambulantes pelo nome. Tratam todos com o maior carinho, como se fossem velhos amigos. E isso não é gênero. É um comportamento sincero. Luana brinca com as crianças que vê na praia, revelando um delicado instinto maternal. Quando uma mulher que recolhia latas de cerveja passou perto de nós segurando uma garotinha pela mão a atriz logo perguntou: Você não quer levar sua filha para ver minha peça? A pobre mulher sorriu encabulada e surpresa. Luana perguntou o nome delas e disse que ia deixar dois ingressos na bilheteria para qualquer dia que elas quisessem assistir a sua performance em O pequeno príncipe.

Depois chegaram na praia um casal e três crianças. Uma garotinha que estava com eles chegou diante de nós e, de um jeito bem sapeca, tirando a roupa, cumprimentou o grupo: E aí, galera, tudo bem? Dado caiu na gargalhada com o jeito teatral da menininha. Depois perguntou a Lui e a Marco Antônio se eles tinham visto o que a garota tinha feito. Como eles estavam distraídos conversando e não tinham prestado atenção, Dado se levantou, botou a mão na cintura e imitou os trejeitos da garotinha provocando gargalhadas em todos nós. E aí, galera, tudo bem?

Mesmo estando na praia Dado estava com o cabelo impecável, usava óculos Ray-ban, e a barba por fazer. Você está lindo com esse visual, disse o amigo Lui Mendes, com ternura. O namorado de Luana abriu um sorriso maroto e ficou parado, deixando-se admirar por todos nós. Ele estava realmente muito bonito. E sua beleza resplandecia em toda a praia de Ipanema.

Nesse adorável dia de verão havia saído uma nota venenosa sobre o Dado Dolabella na coluna do Ancelmo Góes, afirmando que ele costuma estacionar o seu carro em cima da calçada sempre que vai à casa da Luana. Na praia, todo mundo comentava com o ator sobre a nota e ele explicava que a área em que estacionava pertencia ao prédio, que a Luana tem direito a duas garagens no edifício onde mora e que ele só não parava no interior do prédio porque seu carro era grande e não passava na porta da garagem. Eu vou mandar um e-mail para o Ancelmo esclarecendo tudo, dizia ele sem nenhum sinal de irritação ou mágoa.

A praia estava tão gostosa que não conseguíamos ir embora. Assistimos ao sol se pôr glorioso atrás das montanhas e continuamos noite adentro, bebendo cerveja, jogando conversa fora e ouvindo o som que brotava do I-pod do Dado. A noite já havia caído e estava bem escuro quando decidimos levantar acampamento. Nesse momento Luana e Bebel Lobo juntaram todo o lixo que havia sido acumulado em torno de nós e jogaram na lixeira. Um dos funcionários da Comlurb que já faziam a limpeza da praia olhou para as atrizes e comentou: Seria ótimo se todo mundo que viesse a praia fosse como vocês. Luana sorriu para o lixeiro e respondeu: Eu não admito praia suja. Eu sempre recolho o meu lixo e o dos meus amigos. Uma lua cheia iluminava com suavidade a noite de Ipanema.





MEG GUIMARÃES NÃO MORREU – Essa história daria uma novela. A blogueira Meg Guimarães não morreu. Lá em baixo, num post datado de 23 de janeiro, escrevi um texto lamentando a morte de Meg, autora do blog Sub Rosa, uma pioneira da Internet no Brasil. Pois bem. Depois de provocar uma comoção entre os blogueiros veteranos, descobriu-se que tudo tinha sido uma farsa. A imaginosa Meg forjou sua própria morte para tentar se livrar de um namorado que havia conhecido na Internet. Ela teria vivido uma paixão cibernética mas, quando o apaixonado insistiu em conhecê-la pessoalmente ela forjou sua morte para poder se livrar do bofe.

Pela primeira vez na vida lamentei a morte de uma pessoa e depois vim a descobrir que essa pessoa não tinha morrido. Foi uma experiência interessante. Desejaria que muitas das pessoas que amei e que se foram me fizessem essa surpresa. Aparecessem vivas diante de mim dizendo que tudo foi um mal entendido. (Mauro Rasi, Damião, Wilma Lessa, Vicente Pereira, Dina Sfat, John Lennon, Cazuza, Mara Caballero, River Phoenix, Cláudio Killer, João Moura, Paulo Francis, Elis Regina, Montgomery Clift, etc.) Fiquei realmente feliz em saber que ela continua viva. Mas nem todos os blogueiros compartilham desse sentimento. Muitos se sentiram traídos, usados, manipulados. Alguns ficaram tão furiosos que agora desejam que ela morra de verdade.

Meg Guimarães sempre foi meio maluquinha. Existem muitas lendas sobre ela na Internet. Fala-se que vivia trancada dentro de casa, pois tinha Síndrome do Pânico. Assim, só se comunicava com o mundo através da Internet. Muitos dizem que Meg não existe que é apenas mais um personagem criado por Marina W. Para outros, ela é uma psicopata que utiliza a Internet para manipular pessoas. Agora, depois da morte forjada, as especulações sobre a sua saúde mental pululam na web. Alguns afirmam que ela é bipolar, uma pessoa que tem dupla personalidade. Bipolar é uma palavra que a moderna psiquiatria utiliza para designar pessoas que têm duas caras. Ou seja, agora as pessoas que não têm caráter, que mentem, que são sonsas, para justificar sua má índole se dizem bipolar. Ai que medo!

Como já disse lá no começo, essa história daria uma novela. Alô, alô, Gilberto Braga! Socorro! A Internet também pode ser uma arma muito perigosa. A rede está cheia de blogs de pessoas mal intencionadas que se escondem através de pseudônimos para poderem assumir os papéis de vilões. Ocultos pelo anonimato esses seres diabólicos provocam intrigas, divulgam mentiras, estimulam o conflito e provocam a dor e o sofrimento, enquanto dão gargalhadas diante de seus teclados.

O que aconteceu a Meg Guimarães? Leia AQUI!

Madonna vem aí...

 

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