25.9.12



Não condene um suicida


Não condene um suicida 
Como taxar de covarde aquele que 
Resolveu regar as azaleias no céu? 


Será Deus tão injusto e cruel
A ponto de expurgar do Paraíso
O homem cansado de hostilidade 
Que decidiu se dar o tiro de misericórdia? 


Será egoísmo da bela moça 
Apressar a sua liberdade 
Diante do casamento do seu 
Ex-marido com a sua  ex-confidente fiel?


Digerir nossas angústias 
Nossos sofrimentos e aflições 
É digno de louvor? 


Saber viver é conservar-se triste 
Feito a atriz resignada com o fracasso 
Cheirando éter no camarim?


Que moral é esta  
Que joga flores em túmulos 
E comida na lata do lixo? 


Nossos desatinos não são
Menos oportunos 
Que nossos suplícios.


Sou pelos que ardem de febre à meia-luz 
Pelos que clamam por selvagens orgias 
Diante de práticas hiperfagias
E um saco de pipoca em frente à tela de um computador .


Mas se um dia faltar-me o vigor 
Uma bala de prata ao meu crânio oferecerei 
Então em minha lápide escrevam, por favor:  
Bravamente se foi e viveu feito um rei!

(Poema extraído do livro Visceral, de Rafa Zweiter, lançamento da Editora Faces)

Madonna vem aí...

 

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